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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O cupido

O cupido é um anjinho bom que se diverte arrumando namoro para todos e fazendo muita gente feliz.

O Renato, por exemplo, era um cara chato demais, metido a sabichão e rebelde, a Joana sempre foi louca por ele, mas ele só dava atenção para outras meninas. Então Joana pediu ajuda ao cupido e ele, sempre tão gentil, não perdeu tempo: encravou a flecha tão fortemente no peito do bobão que além de se apaixonar por Joana ficou supermaneiro com a galera toda.

O mesmo aconteceu com Bruninho que vivia mandando cartinhas e flores para a Paty que ao menos o enxergava. Mas depois que ela sentiu a flechada do cupido, só teve olhos para os melosos olhos de Bruninho.

As flechas do cupido já tinham levado Marcelo e Ana para o altar da igreja, as serenatas de amor do Luizinho ao quintal de Roberta, a Mila, do sul até o norte para ficar com Hugo... Nem o Abel que tinha até vergonha de falar, escapou da flecha do amigo que lhe trouxe a Íris como presente de aniversário.
O cupido trabalhava muito bem, nunca errava a mira, seu arco e sua flecha eram demais!

O problema todo sempre foi a Betinha. Ela é sem dúvida, uma graça de menina, mas o que ela tem de beleza era o que tinha de complicada! Que garotinha irritante! Não sei como ela aprontava tanto com os namorados que o cupido lhe arranjava; só sei que nenhum deles a suportava, o próprio cupido não agüentava mais as reclamações dos seus ex-namorados. Todo mês ou menos até, Betinha dispensava um namorado estando já de olho em outro pretendente que igual ao que fora demitido, seria perfeito para ela; ou seja, aquele que faria todas as suas vontades.

Foi assim que já muito cansado de ouvir os capetinhas lhe encarnando de Zé Mané que o cupido se irritou, deixou de ficar choramingando e chupando dedo e acertou em cheio uma flechada no coração de Betinha que se apaixonou por ele e desse jeito o cupido acabou com o seu problema e com as manias e manhas daquela gracinha de boneca, e finalmente se foram felizes para sempre...

Os cupidos podem até ser meio bobos mas eles também tem o direito de ser feliz; além do mais, quem nunca foi cupido ao menos uma vez?
Um certo dia, Vênus estava admirando a terra quando avistou uma bela moça chamada Psique. Vênus era uma deusa muito vaidosa e não gostava de perder em matéria de aparência, muito menos para uma mortal. Vênus chamou Mercúrio e disse-lhe: "- Mande esta carta para Psiquê."
Quando Psiquê recebeu a carta ficou admirada, recebendo uma carta de uma deusa. Mas ficou muito decepcionada quando a leu. Na carta havia uma profecia clamada pela própria Vênus. A profecia dizia que Psiquê ia se casar com a mais horrenda criatura. Psiquê ficou desesperada, foi contar para suas irmãs. Psique era muito inocente e nunca percebeu que suas irmãs morriam de inveja dela.
Enquanto isso, no Monte Olimpo, Vênus chamou seu filho Cupido: "- Meu caro filho, preciso de um grande favor seu. Quero que você vá a terra e atire uma de suas flechas de amor em Psique, e faça com que ela se apaixone pelo homem mais feio do planeta". Cupido gostava muito de sua mãe e não quis contrariá-la. Então foi. Quando anoiteceu, Cupido foi até a casa de Psique, entrou pela janela avistou um rosto perfeito, traços encantadores. Cupido chegou bem perto para não ter a chance de errar o alvo (apesar de ter uma mira muito boa, mas estava encantado com a bela jovem). Se preparou para atirar, esticou o seu arco e quando ia soltar a flecha, Psiquê moveu o braço, e Cupido acertou ele mesmo. A partir daquele instante Cupido ficou perdidamente apaixonado pela jovem. Voltou para casa, mas não conseguiu dormir pensando na bela Psiquê.
Cupido, pintura de
William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)
No dia seguinte, Cupido foi falar com Zéfiro (o vento oeste) e pediu para que transportasse Psique para os ares e a instalasse num palácio magnífico, onde era a casa de Cupido. Quando a noite caiu, a moça ouviu uma voz misteriosa e doce: "- Não se assuste, Psiquê, sou o dono desse palácio. Ofereço a ti como presente de nosso casamento, pois quero ser seu esposo. Tudo que está vendo lhe pertence. E tudo que deseja será concebido. Zéfiro estará às suas ordens, ele fará tudo o que você quiser. Eu só lhe faço uma exigência: não tente me ver. Só sob esta condição poderemos viver juntos e sermos felizes".
Toda noite Cupido vinha ver Psiquê, mas em uma forma invisível. A moça estava vivendo muito feliz naquele lindo palácio. Mas passando os dias Psiquê ficava cada vez mais curiosa para saber quem era seu marido. Certa noite, quando Cupido veio ver Psiquê, eles se encontraram e se amaram. Mas quando Cupido adormeceu, Psiquê escondida e em silêncio pegou uma lamparina e acendeu-a, e quando ela viu o belo jovem de rosto corado e cabelos loiros, ficou encantada. Mas num pequeno descuido ela deixou cair uma gota de óleo no braço do rapaz, que acordou assustado e, ao ver Psiquê, desapareceu. O encanto todo acabou, o palácio os jardins e tudo que havia em volta desapareceu, como num passe de mágica. Psiquê ficou sozinha num lugar árido, pedregoso e deserto.
Desconsolado, Cupido voltou para o Olimpo e suplicou a Zeus que lhe devolvesse a esposa amada. O senhor dos deuses respondeu: "- O deus do amor não pode se unir a uma mortal".
Mas Cupido protestou. Será que Zeus que tinha tanto poder não podia tornar Psiquê imortal? O senhor dos deuses sorriu lisonjeado. Além do mais como poderia de deixar de atender a um pedido de Cupido, que lhe trazia lembranças tão boas? O deus do amor o tinha ajudado muitas vezes, e talvez algum dia Zeus precisaria da ajuda de Cupido de novo. Seria mais prudente atender o seu pedido. Zeus mandou Hermes ir buscar Psique e lhe trouxesse para o reino celeste. Então Zeus, o soberano, transformou Psiquê em imortal. Nada mais se opôs aos amores de Cupido e Psiquê, nem mesmo Vênus, que ao ver seu filho tão feliz se moveu de compaixão e abençoou o casal. Seu casamento foi celebrado com muito néctar, na presença de todos os deuses.
As Musas (jovens encantadas, que eram acompanhantes do deus Apolo) e as Graças (jovens que representavam a beleza que acompanhavam a deusa Venus) aclamavam a nova deusa em meio a cantos de danças. Assim Cupido viveu sua imortalidade com o ser que mais amou.
Cupido encordoando seu arco.

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