Movido pelo apelo do conforto e da globalização, o traje de praia brasileiro, que já foi minúsculo, voltou a tamanhos capazes de revoltar... os homens
Martha Mendonça
MAIS PANO
A nova geração de biquínis da Rosa Chá (à esq.) e da Blueman (à dir.) ficou maior embaixo e em cima. Com mais pano, as estilistas podem criar mais
A nova geração de biquínis da Rosa Chá (à esq.) e da Blueman (à dir.) ficou maior embaixo e em cima. Com mais pano, as estilistas podem criar mais
De nada vai adiantar o chororô masculino, historicamente acostumado a associar qualquer brasileira na praia aos “quatro triângulos minúsculos”, como se definia a tanguinha dos anos 70: um em cada seio, um na frente e um atrás, cobrindo apenas o essencial. A modelagem cresceu – e apareceu. Com cores fortes ou estampas coloridas e florais, os novos biquínis trazem amarrações por cima da calcinha, laços que envolvem a cintura e até franzidos. A tecnologia contribui: hoje há tecidos mais finos que podem ser enrolados, amarrados e repassados sem deixar a leveza de lado. Boa parte das mulheres não gosta da marca de biquíni grande, mas ainda assim os estilistas apostam neste verão no estilo hot pants, que é a parte de baixo estilo calcinha gigante ou microshort.
Nos anos 80, os biquínis chegaram ao máximo, isto é, ao mínimo possível. O modelo asa-delta, que subia, por vezes todo enrolado, pela cintura, e o fio dental representaram o extremo da liberação sexual feminina que tomou força na década de 70. O passo seguinte parecia ser o nudismo. Mas os anos 90 foram pelo caminho inverso. Chegou a ser lançado o sunquíni – sunga embaixo e camisetinha em cima, praticamente um retorno ao maiô de duas peças da década de 50. Não se tornou o padrão. Mas o biquíni jamais voltou ao máximo de exposição de corpos cultuado dez anos antes.
“Hoje, na praia, vemos de tudo, mas a radicalização do tamanho pequeno acabou. Conforto, elegância e despreocupação ditam o gosto das mulheres”, diz a consultora de moda e estilo Gloria Kalil. O Brasil, que sempre foi referência de moda praia e nos últimos anos virou exportador de produtos e tendências, deixou de olhar para o próprio umbigo para pensar no mercado mundial – o que também pode explicar os modelos maiores, mais de acordo com o gosto de americanas e europeias. A globalização venceu o bumbum de fora.
O pêndulo de pano |
Dos castos anos 1950 ao modelo asa-delta dos anos 1990, os biquínis só encolheram. De lá para cá, o pêndulo de pano voltou a se mover, e os biquínis não param de crescer |
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário