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quinta-feira, 3 de março de 2011

SER LÉSBICA: ASSUMIR OU FICAR NO ARMÁRIO?

Diante dos preconceitos da sociedade machista globalizada.  Quais são as maneiras mais funcionais para Mulher Lésbica poder  sair do seu armário dos medos, para assumir publicamente  a sua verdadeira  opção sexual?
O relato GLBTT de Marina estudante universitária de Cuiaba pode nos ajudar na reflexão da resposta para a pergunta chave desta semana.

Há cerca de um ano  atrás, quando eu estava com  23 anos, tive que me mudar para a capital por causa  que passei no vestibular na Universidade Federal e aí reside o meu  problema, quando finalmente consegui sair do armário  e contar  que sou lésbica, para meus amigos da minha cidade do interior.  Tive que  mudar de ambiente.

Com essa mudança novamente todos os meus medos, começaram a me assustar, pois  aqui na Universidade Federal, ninguém sabe que sou sapata, eu sei que é horrível esconder isso, me envergonho, porém é inevitável.

Eu moro  num apartamento de dois quartos  com 4 garotas,  sendo que com a garota de 24 anos,  que faz a faculdade de medicina, com a qual, divido o quarto, acabei me apaixonei perdidamente...

Ela para mim é a garota mais linda que já vi… Ela do tipo de  garota que você olha e pensa: “ela nunca vai ser uma  sapatilha”, pois é, ela é assim, menina HT  do interior, que aspira casar virgem e ainda por cima  tem um namorado ciumento há dois anos.

O problema é  quando estamos sozinhas no quarto,  fico toda excitada  e molhada, começo a fantasiar, pois  ela  geralmente dorme   somente de calcinha ou as vezes dorme nua  pois o clima quente da capital  durante o ano todo  estimula ela a dormir desta maneira.

Ás vezes me abraça, outras vezes não, tem dia que quando ela chega da Universidade fica até tarde comigo no meu quarto conversando sobre o curso de medicina, seus  sonhos de ter o seu consultório próprio e poder casar virgem e ter filhos. Tem dias que acordo e penso vou abrir o jogo com ela e ver o que dá, outros dias penso que é melhor tentar esquecê-la…

Acho que estou  perdida entre meu amor  por ela  e meu desejo sexual de beijar todo seu corpo chegando até sua caverninha virgem de Vênus, onde poderei beber seu doce mel....


A Mulher Moderna pode vivenciar plenamente as varias faces de sua sexualidade diante dos preconceitos machistas do mundo patriarcal globalizado?



Segue abaixo do relato da partipante Samara. Este relato feminino pode nos ajudar a refletir sobre a questão chave desta semana.

 









Ola  Franchico, aqui é a Samara.
Este é o relato da história do meu relacionamento afetivo-sexual com minha  ex-namorada.



Tudo começou quando fui a uma festa Bar dançante da cidade (era um salão de beleza, que tinha um espaço para festas alternativas também). Fui lá prá ver uma aluna minha cantar.



Fui com a mãe e a tia dela. Todas nós hetero de carteirinha assinada.
Claro que nós dançávamos com as moças que vinham nos tirar porque fazia parte do espírito da coisa - tudo era festa.

Bem, uma das garotas que dançou comigo parecia uma fadinha, aquele tipo de patti que não é chata, loirinha, de cabelo comprido, baixinha, uma graça.

Fui embora da festa e nunca voltei ao mesmo local ou a outro semelhante.
Mas...  eis que um dia estou eu no Terminal de Ônibus urbano, e quem eu vejo? Ela, já não muito loura, mas era ela.


Ficamos horas sentadas num banco conversando (nossos ônibus passando e passando e passando...) No fim da conversa estávamos comentando que odiávamos calor e praia, mas tínhamos que ir por questões de família, convites etc.


Aí resolvemos nos "vingar" de ter que fazer o que não estávamos a fim e combinamos passar um fim de semana juntas em um hotel-fazenda no planalto.
Mais ou menos um mês depois, nós fomos.
Chegando lá, aquele arzinho gostoso da serra, quentão, cognac, lareira e... o quarto! Finalmente sós.


Aí eu deveria ter percebido que não tinha mais jeito mesmo. Durante o dia ela já tinha segurado minha mão (e eu me desvencilhando), soprado florzinha sobre a minha face e me dado um selinho. Mas com a noite toda pela frente e nós sozinhas no quarto (acho que vou botar a culpa no friozinho) não ia dar outra.


Lembro que ela disse que, mesmo com a lareira estava frio, e ficamos dormindo na mesma cama  juntinhas. Mais uma meia hora de fingir dormir, ela "acorda" e me diz que está com calor e pede prá eu tirar o pijama dela - ai meu Deus!


Tinha uns desenhos da Betty Boop e eu fui olhando e dizendo que achava bonitinho e tirei tudo. Mesmo sem eu ter dito nada ela tirou meu pijama também.


E a partir daí foi tudo muito natural. Nada daquele estereótipo divulgado nos filmes de duas lésbicas de langerie sofisticada preta ou/e vermelha se beijando e lambendo (naquela prévia longa demais que é prá dar prazer mesmo pros homens que estão assistindo).

A gente simplesmente se amou. Claro que houve muitos beijos e carícias, mas o nosso desejo de ir "direto ao assunto" era muito grande e logo gozamos via fricção clitoridiana mútua.
O resto da noite? Abraçadinhas no maior love.

Depois de todo check-in tem sempre um check-out e na segunda-feira saímos do hotel e voltamos pra  nossa cidade.

Ficamos mais ou menos um mês. E foi lindo. Só acabou porque eu disse a ela que tinha sido a minha primeira experiência com uma mulher, e que eu achava que nós deveríamos dar mais chance prá novos encontros com outras pessoas, prá ver qual era na real a nossa.


Eu pedí a ela que saísse com um homem e experimentasse ter um orgasmo sistêmico, daqueles que só um membro masculino de alguém por quem a gente se sinta muito atraída pode proporcionar.


Aparatos equivalentes não são a minha praia, acho que as coisas perdem a naturalidade que devem ter. A reação dela não foi a que eu esperava, ela negou-se a se dar a chance (me falou de experiências horríveis com ex-namorados).


Talvez eu a tenha magoado por não ter deixado claro que eu gosto de homem (só não excluo outras relações porque acho que a atração, a sensualidade está mais nas pessoas e nas situações do que no sexo propriamente dito).


Nosso relacionamento foi esfriando e hoje somos apenas conhecidas que se dão bem (não posso dizer amigas, porque amigas ficam muito perto, e qualquer proximidade entre nós é muito perigosa).

Essa é a história dos encontros e desencontros entre uma sapatilha bi e uma sapatilha lesb. que se deram a possibilidade de vivenciar sua  afetividade e sexualidade espontânea , sem medo de perder sua feminilidade...




Samara
Sapatilha Bi do Rio Grande do Sul

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