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terça-feira, 29 de março de 2011

você ficaria com alguém sem braço ou sem perna? - Claro, já fiquei até com gente sem coração '-'




"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença."
Saiba aproveitar o que o planeta te ofereça, sem discriminação, aproveite o que cada país pode te trazer de lazer, trabalho, oportunidades .
Saiba amar o planeta onde vive, o PLANETA TERRA


Desenhe sue destino, não deixe sua vida passar sendo desenhada por outra pessoa !

O Brasil

Que terra bonita, com muitos cartões postais, praias, carnaval, culturas, paisagens, cidades …
Como temos tantaa coisaa nestee grande pedaçoo do planeta, e não sabemos aproveita-lo. 
Destruímos matas para criar prédios, fazer moveis. Matamos por dinheiro, poder sem ver as concequências que isso pode causar, talvez não para você que esta matando, mas sim para o que esta sendo morto. 
Quando pensamos em viagens, estudo, lugares bonitos já pensamos em sair do país, ir para Nova York, Paris, Roma, Egito.
Enfim a maioria, acho que posso dizer 80% da população brasileira não sabe apreciar aquilo que tem, as grandezas ao qual o país pode te oferecer, por mais que o país tenha problemas, corrupção, nos temos um arsenal de riquezas.
O Brasil é muito discriminado do lado de fora do país, não seja mais um que contribua nesta discriminação, faça diferente, faça sua parte, aproveite as riquezas de seu país de uma forma boa e sustentável.
Resumindo em 2 palavras:
SEJA BRASILEIRO !
e se orgulhe disso, não pense que os outros países não existe problemas 
"Palavras são só palavras quando não há ninguém para ouvir ! ♪
 

Meu grande amor ...

adoro você porque gostas de minha alma, tens a sensibilidade de me compreender, saber mais de mim do que eu mesmo sei de mim, e o melhor sei que tudo que sentes é verdadeiro e lindo,,,então amo, simplesmente amo você, não me importando onde estás, com quem estas, o que fazes, apenas amo.



Sua voz....

sua voz ecoou,
como os sons,
das conchas do mar,
sua voz vibrou minha mente,
como as cordas de uma harpa,
e senti você assim vivrar,
todo meu ser,
como o tocar de um instrumento,
musical que emana sovre o corpo,
que sustenta as cordas,
a vibração de um bem querer,
de um desejar bem,
sentir isso é bom e alegra o ser,
alegra a vontade de sentir,
sua presença, que emana sensibilidade,
um simples desejar bem.
Marcos Guerreiro

Agradeço todo carinho que me tens.



"Eu sei…

*admitir os meus erros;
*reconhecer quando a opinião de outro é melhor que a minha;
*que tendo força de vontade e apoio moral terei o que quiser, por mais dificil que seja;
*que as amizades se vão, mas há sempre uma janela aberta para novas amizades;
*diferenciar o bem do mal;
*que nem tudo tem resposta;
*que o tempo não volta para concertamos nossos erros passados, mas sim, que agora posso evitar que sejam cometidos novamente,
*que amores vem e vão pois nosso coração é apaixonante,
*que às vezes palavras podem ferir mais que ações,
*que se levarmos tudo a serio não aproveitaremos nada;
*que se me ofenderem não tenho que ter a mesma atitude de quem me ofendeu;
*que por mais que a situação seja ruim nunca será preciso baixar o nível."

(Isabela Belém)

Não sei escrever tudo que sinto,
mas sei sentir e com amor imenso cada pedacinho da vida;
não sei amar de morrer porque para mim amar é viver;
não sei sonhar todos os meus sonhos,
só sei sonhar o que o meu coração pede;
não sei dar tudo de mim,
mas me esforço para dar tudo o que posso;
não sei quase nada da vida,
mas sei que é bom existir;
tudo o que eu sei é que a vida é linda
e que enquanto houver um mínimo de ternura para oferecer,
a vida vale a pena viver.

Eu desistiria da eternidade
pra tocar em você,
pois sei que de alguma forma
você me percebe.
você é o mais perto do céu
que posso chegar,
e eu não quero voltar
pra casa agora ...
O único gosto que sinto
é o deste momento,
e tudo que tenho pra respirar
é o seu amor
porque cedo ou tarde isto pode acabar ...
eu preferiria sentir o cheiro
dos seus cabelos,
dar um beijo em sua boca,
tocar uma vez em sua mão
do que passar a
eternidade sem isso...

Cidade dos Anjos

O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer
e se recusa a envelhecer.-

Nada lhe posso dar
que já não existam em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens,
além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar
a não ser a oportunidade,
o impulso,
a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo,
e isso é tudo.

Hermann Hesse

A felicidade é feita de pequenas ações, gestos, que você cultiva a cada dia, a cada hora, a cada momento"(Fernando Ribeiro)
 O maior erro do ser humano é tentar tirar da cabeça o que não sai do coração!!

domingo, 27 de março de 2011

Tráfico de pessoas gera US$ 9 bi por ano no mundo



O tráfico de pessoas, do qual entre 600 mil e 800 mil pessoas são vítimas a cada ano no mundo, gera US$ 9 bilhões anualmente e atinge principalmente os imigrantes ilegais, segundo uma organização americana. A coalizão para abolir a escravidão e o tráfico de pessoas, (Cast, na sigla em inglês), qualifica a situação como grave em diferentes cidades dos EUA, para onde a cada ano são trazidos cerca de 50 mil homens, mulheres e crianças para serem explorados, segundo estimativas da Agência Central de Inteligência (CIA).
A Cast estima que atualmente 27 milhões de pessoas no mundo sejam escravizadas. O tráfico de pessoas "é um tipo de crime que é difícil combater porque não é público. É um crime privado e há uma falta de educação sobre como identificar o problema. Nosso objetivo é implantar políticas para ajudar a identificá-lo e prestar auxílio às vítimas para que saiam dessa terrível situação", disse à Agência Efe uma advogada da Cast.
"Segundo dados do Departamento de Estado, a Califórnia é um lugar onde muitas pessoas sofreram com o tráfico. É um problema muito grave porque somos um estado vulnerável, já que há muitos aeroportos, estamos perto da fronteira, próximos do oceano, e temos cidades muito grandes", disse a advogada.
Na Califórnia, os agentes de imigração do governo federal indicam que "cerca de 10 mil mulheres em Los Angeles estão trabalhando como escravas na indústria sexual e esse número não inclui pessoas em trabalhos domésticos, fábricas, campos, entre outros". Além da Califórnia, os estados de Nova York, Texas, Flórida, Ohio e Nevada também têm muitas vítimas desse tipo de crime.
"As estatísticas do governo revelam um aumento, mas não sabemos se é porque agora há mais casos ou porque eles são mais identificados do que antes. Desde o ano 2000, temos uma lei mais agressiva em relação ao tráfico de pessoas nos EUA", destacou a advogada. "Este é um problema que não pode ser combatido sozinho, a participação da comunidade é importante, identificando possíveis vítimas e denunciando os casos de exploração humana, seja ela sexual, trabalhista ou econômica", acrescentou.

Itamaraty encorajará volta de brasileiros vítimas de exploração


O Ministério das Relações Exteriores lançará uma cartilha para orientar seus diplomatas no exterior a encorajar a volta de imigrantes brasileiros endividados ou vítimas de violência e exploração trabalhista.

O Guia de Retorno ao Brasil, como a cartilha foi intitulada, busca fazer com que a volta seja “não o fim de um sonho, mas o recomeço de suas vidas”, segundo a introdução do documento.
De acordo com Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva, chefe da Divisão de Assistência Consular do Itamaraty e coordenadora do grupo que elaborou a cartilha, o foco da iniciativa são vítimas de tráfico humano, como mulheres aliciadas por redes de prostituição.
O Itamaraty não tem dados sobre esse grupo, mas um relatório de 2006 do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) estimou que 70 mil brasileiras trabalhavam como prostitutas no exterior. Atraídas por ofertas de trabalho em outras áreas, muitas se veem obrigadas a fazer programas para quitar dívidas com os empregadores.
Para chegar a essas mulheres, os diplomatas recorrerão a voluntários da própria comunidade brasileira no exterior.
"Uma manicure, por exemplo, pode ser uma ponte com outras integrantes da comunidade", diz Lopes da Silva.

Programas sociais
Feito o contato, elas serão orientadas sobre programas sociais nos quais poderiam se enquadrar caso regressassem ao país, como os de microcrédito, o Bolsa Família e o Minha Vida, Minha Casa, e sobre a oferta de empregos e cursos profissionalizantes nas suas regiões de origem.
Em casos excepcionais, caso comprovem não ter como arcar com as despesas para a volta e a Organização Internacional para a Migração não puder fazê-lo, o Itamaraty cobrirá os gastos.
"A ideia é aperfeiçoar o nosso serviço, para que ele não termine com a viagem no aeroporto. Queremos impedir que essas pessoas voltem ao Brasil sem nada nas mãos."
Outro público-alvo do programa, diz Lopes da Silva, são mulheres que sofrem violência doméstica. "Muitas brasileiras acabam se casando com moradores locais para a obtenção de documentos, e é comum que essa situação de desequilíbrio resulte em violência."
Mas transexuais e homens nas mais diversas situações de vulnerabilidade também serão contemplados.
No fim de agosto, a polícia espanhola desmontou uma rede destinada a explorar sexualmente brasileiros. Segundo a polícia, homens com promessas de trabalho e bons salário eram obrigados, ao chegar na Espanha, a se prostituir para pagar dívidas que chegavam a 4 mil euros (cerca de R$ 8,9 mil).

Rede de amparo
Elaborado desde julho, o Guia de Retorno ao Brasil foi montado em parceria do Itamaraty com a Polícia Federal, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM).
Esses órgãos forneceram ao Itamaraty uma lista de entidades espalhadas por todo o país que podem auxiliar os recém-chegados, como entidades públicas federais e estaduais.
Segundo Lopes da Silva, a intenção do programa é fazer uma ponte entre os brasileiros no exterior e a "tremenda estrutura" de amparo já existente no Brasil.
No próximo dia 20, ela viajará à Espanha e a Portugal para divulgar a cartilha e se reunir com diplomatas, voluntários e ONGs locais. Os dois países são, nessa ordem e seguidos por Suíça e Holanda, os que concentram a maioria dos brasileiros em situação de risco no exterior, segundo a diplomata.
Por isso, agentes consulares e voluntários desses países receberão, além da cartilha, um treinamento para lidar com o grupo.

Europa Ocidental tem 140 mil ‘escravas sexuais’, diz relatório da ONU


Cerca de 70 mil mulheres são vítimas de tráfico sexual para a Europa Ocidental anualmente, segundo estima um relatório da UNODC (agência da ONU para Drogas e Crime).
Segundo o documento O Tráfico de Pessoas para a Europa para Exploração Sexual, haveria atualmente cerca de 140 mil mulheres obrigadas a trabalhar no mercado do sexo na região.
A ONU avalia que essas 140 mil mulheres traficadas façam ao todo cerca de 50 milhões de programas anuais, a um custo médio de 50 euros por cliente (cerca de R$ 109), movimentando um total de 2,5 bilhões de euros (R$ 5,47 bilhões).
O relatório da ONU foi divulgado na Espanha pelo diretor-executivo da UNODC, Antonio Maria Costa, para coincidir com o lançamento da campanha internacional Coração Azul de combate o problema.
“Os europeus acreditam que a escravidão foi abolida há centenas de anos. Mas olhem em volta – os escravos estão em nosso entorno. Precisamos fazer mais para reduzir a demanda por produtos feitos por escravos e por meio da exploração”, afirmou Costa.

OrigensO relatório da ONU cita a região dos Bálcãs como a principal origem das mulheres traficadas para a Europa Ocidental (32% do total), seguida dos países do ex-bloco soviético (19%), mas observa também um aumento no número de mulheres brasileiras traficadas (as sul-americanas são 13% do total).
Segundo a organização, a maioria das vítimas brasileiras de tráfico sexual para a Europa são originárias de regiões pobres no norte do país, principalmente nos Estados do Amazonas, do Pará, de Roraima e do Amapá.
O relatório observa ainda que as vítimas sul-americanas (principalmente do Brasil e do Paraguai) são traficadas principalmente para Espanha, Itália, Portugal, França, Holanda, Alemanha, Áustria e Suíça.
Em Portugal, dados do governo local divulgados na semana passada indicam que as brasileiras são 40% das mulheres traficadas no país.
Na Espanha, segundo os dados da ONU, o número de vítimas brasileiras e paraguaias ultrapassou desde 2003 o de vítimas colombianas, antes majoritárias no país.

Números
O total de 140 mil mulheres traficadas na Europa foi estimado pela ONU com base no número de 7.300 vítimas detectadas na Europa Ocidental em 2006. A organização estima que 1 em cada 20 vítimas seriam detectadas, indicando um total de 140 mil.
A agência estima ainda que o mercado tem uma renovação em média a cada dois anos, levando ao número de 70 mil novas vítimas a cada ano para substituir as que conseguem deixar a condição.
O relatório da ONU, porém, questiona alguns números de pesquisas sobre o tema. O documento cita uma estimativa de 700 mil mulheres trabalhando como prostitutas na Europa Ocidental (incluindo as que trabalham sem coerção).
Mas ao confrontar esse número com as pesquisas que indicam uma média de 6% dos homens pagando por sexo a cada ano nesses países, a organização estima que isso levaria a uma média de dez clientes anuais por prostituta, um número extremamente baixo mesmo que se tratassem de clientes regulares.
Para a organização, ou menos mulheres trabalham como prostitutas ou mais homens estão pagando por sexo com elas – ou ambas as coisas.

Brasileiras são 40% das vitimas de tráfico de pessoas em Portugal


Cerca de 40% das vítimas de tráfico de pessoas em Portugal são mulheres de nacionalidade brasileira. Este é o resultado do Relatório Anual de 2009 do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, órgão ligado ao Ministério da Administração Interna (Interior) português.
"Podemos traçar um perfil da vítima. É mulher, brasileira e o tráfico destina-se à exploração sexual. É solteira, com mais de 25 anos, e vem para Portugal com uma proposta de trabalho", afirma Joana Daniel Wrabetz, responsável pelo estudo. Ela conta que a maior parte das brasileiras vítimas de tráfico vêm de Goiás, Minas Gerais e de Estados do Nordeste.
O estudo foi feito baseado em 84 casos sinalizados durante o ano de 2009, dos quais sete já foram levados a julgamento. Em relação aos agressores, também foi estabelecido um perfil.
"Geralmente é um português que conhece os prostíbulos onde pode colocar as vítimas, muitas vezes em parceria com um estrangeiro", relata Joana.
Ela distingue o tráfico da imigração ilegal para a prostituição. "No tráfico, depois de entrar no país, as vítimas perdem seus direitos, estão a ser violentadas e ficam reduzidas a uma situação de escravatura. O fato de que muitas brasileiras tenham vindo sabendo que iam trabalhar na prostituição não pode servir de desculpa para justificar o tráfico."
Muitas vezes, além de situações de cárcere privado, as vítimas de tráfico ficam sem documentos. Normalmente, para impedir que as vítimas de tráfico fujam, os documentos da vítima são retirados.
"O tráfico de seres humanos põe em causa a dignidade dos seres humanos. Por isso, o código penal estabeleceu como crime grave a ocultação de documentos ou sua destruição", afirmou o ministro da Administração Interna, Rui Pereira.
Não há dados em Portugal sobre o total de vítimas. "Este é o segundo ano que fazemos o relatório. Não tenho meios para dar uma estimativa do universo total de vítimas de tráfico. Ainda não foi possível reunir dados históricos para elaborar modelos para predizer a realidade", relata Paulo João, da Direção Geral da Administração Interna, órgão ligado ao Ministério da Administração Interna.

Maior comunidade
Para o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Paulus, o maior número de brasileiros entre as vítimas está relacionado apenas à dimensão da comunidade – com 100 mil pessoas, mais de 20% do total de imigrantes no país.
"Isso não tem nada a ver com nenhuma particularidade do país. Apenas é a comunidade mais numerosa em Portugal", afirma.
O segundo grupo mais numeroso de vítimas é proveniente de países do Leste Europeu.
Segundo Paulus, para combater o tráfico de pessoas, o Serviço de Estrangeiros está trabalhando com as autoridades brasileiras. "As parcerias com a Polícia Federal êm sido exemplares. No Brasil, a questão do tráfico de pessoas também preocupa as autoridades brasileiras."
Sem dar números de operações e de pessoas que teriam sido detidas por tráfico, ele indica como resultados da parceria com a Polícia Federal a presença de agentes brasileiros em Portugal, tomando parte de operações do SEF e de portugueses no Brasil, em operações realizadas pela Polícia Federal.

Cinco são presos em 3 Estados por tráfico de mulheres


Mulheres eram aliciadas em 7 Estados
Pelo menos cinco pessoas já foram presas na manhã desta quinta-feira ( 15) durante a Operação Atenéia, da Polícia Federal (PF), acusadas de envolvimento com o tráfico de mulheres e meninas para prostituição. A investigação aponta que a quadrilha aliciava mulheres e meninas nos Estados de Tocantins, Pará, Maranhão, Ceará, Bahia e São Paulo e as levava para bordéis em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Segundo estimativa da corporação, desde o início do ano passado mais de 80 garotas foram exploradas.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal de Araguaína, no Tocantins, e foram cumpridos nas cidades mineiras de Frutal e Uberlândia, em Aparecida do Taboado e Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, e na cidade tocantinense, distante 376 quilômetros ao norte de Palmas. Segundo a PF, a principal articuladora do grupo é a dona das casas de prostituição e seu filho é o encarregado de falsificar os documentos e auxiliar a mãe na administração dos bordéis e de suas "gerentes".
A quadrilha aliciava adolescentes em portas de escolas, praças, lanchonetes e mulheres em bares e boates. As vítimas dos aliciadores têm em comum o fato de serem muito pobres, morarem em locais miseráveis, sem perspectivas de ascensão social ou profissional. Para algumas mulheres eram oferecidos empregos e para outras, a prostituição era proposta abertamente.
Para as menores, geralmente enganadas, falsificavam documentos com o objetivo de despistar as autoridades durante a viagem e não levantar suspeitas dos frequentadores nos bordéis. As propostas sempre envolviam ganho fácil e, como atrativo, já davam passagens, alimentação e dinheiro até Minas ou Mato Grosso do Sul. Os aliciadores ganhavam um porcentual por cada garota que conseguiam para o bando.
Nos locais de "trabalho", a quadrilha fazia dívidas de alto valor em nome das garotas e mantinham vigilância sobre elas e proporcionavam agressões morais e até mesmo físicas para mantê-las no local. A PF suspeita que a organização possa estar envolvida no assassinato de um de seus integrantes.
Ele deu informações sobre o paradeiro de uma das vítimas aliciadas para a mãe dela. Além disso, forneceu informações

As cores não contam?



O Conselho Universitário, órgão máximo de decisões da UFRJ, tem discutido nos últimos meses a adoção de um conjunto de ações relacionadas ao ingresso e à permanência de estudantes de camadas de baixa renda na universidade para o ano de 2011. O limitado acesso à educação superior no Brasil é uma das expressões mais significativas da desigualdade social existente no país.
Renda, origem geográfica e cor da pele são alguns dos elementos que demarcam e reforçam as diferenças entre os que têm acesso à educação dos que não têm. Se hoje apenas 13% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos estão no ensino superior, no Nordeste este percentual cai para 7,5%, enquanto na região Sul alcança 16,6% dos jovens. Entre os jovens que se declaram brancos, 19,8% frequentam universidades; já entre pretos e pardos esse percentual é quase três vezes menor (6,9%). Entre os mais ricos - famílias com renda per capita superior a cinco salários mínimos - este percentual chega a 71%, valor significativamente mais alto do que os 4% alcançado entre os jovens mais pobres, com renda familiar per capita de até um salário mínimo.
Por mais que haja associação destas variáveis, chama a atenção que mesmo entre os mais ricos o fato de ser negro representa uma menor escolaridade e uma menor renda. Há no Brasil uma desigualdade que é diretamente associada à cor da pele e isso somente será superado no momento em que políticas públicas e ações afirmativas sejam desenvolvidas de forma a reconhecer esta realidade. As cotas étnicas, a partir da declaração dos estudantes, seria um desses mecanismos disponíveis para diminuir a desigualdade.
Contudo, o Conselho Universitário da UFRJ deliberou pela adoção de cotas sociais para 20% das vagas , destinadas a alunos de escolas públicas estaduais e com o uso do ENEM como forma de ingresso. Dessa forma, a UFRJ ganhará com uma maior diversidade em relação à origem geográfica de seus novos alunos, além de favorecer o ingresso de alunos de escolas públicas. Este percentual representa um pequeno avanço, maior do que o inicialmente proposto pela reitoria, tendo impacto efetivamente nos cursos de alta procura, como Medicina e Direito.

Passar no vestibular é mérito?
Alunos que ingressem por meio de cotas não representam alunos de "segunda classe" e nem entram pela "porta dos fundos". A educação é um direito destes e as históricas desigualdades brasileiras representam um empecilho para que estes jovens possam ter acesso ao ensino superior.
São cerca de 2 milhões de jovens que concluem o ensino médio em escolas públicas estaduais no Brasil e cerca de 100 mil no Rio de Janeiro. A UFRJ, em 2011, estará aberta para receber um pequeno percentual desses alunos, aqueles que tiverem o melhor desempenho e que trarão a importante contribuição de ampliar a diversidade do corpo discente e que certamente contribuirão na manutenção e na ampliação da excelência que historicamente demarca o ensino, a pesquisa e a extensão da UFRJ.
Nesta discussão sobre a democratização da universidade e a adoção de ações afirmativas para estudantes de camadas de baixa renda, uma questão fundamental são as condições relacionadas à permanência desses estudantes. Os recursos por aluno destinado ao ensino superior no Brasil, apesar de comparativamente baixos em relação ao volume da riqueza nacional, são significativos, como revela o documento Education at Glance 2009. Porém quando observados detalhadamente destaca-se o pouco apoio à pesquisa e aos estudantes. Enquanto os valores gastos com as despesas correntes por aluno no Brasil são maiores do que a média dos países mais ricos filiados a OCDE, os valores destinados à assistência estudantil e à pesquisa são mais do que quinze vezes inferiores ao da média desses países.
A adoção de cotas sociais representa uma importante ação da UFRJ. Este é um pequeno, mas significativo passo que precisa ser dado em relação ao acesso ao ensino superior no Brasil. As decisões feitas em relação ao ingresso em 2011 representam uma primeira experiência, a qual será observada e municiará a continuidade de um amplo e abrangente debate no interior da UFRJ, para que haja uma contribuição ainda mais significativa para a democratização do acesso ao ensino superior no país.
Nas próximas semanas serão realizadas discussões para a formulação de proposta a ser adotada a partir do ingresso de 2012 e que tenha um período maior de experiência do que a proposta recém-aprovada para o acesso de 2011. Tenho a expectativa de que possamos efetivamente debater, como se espera que ocorra no ambiente universitário, a pertinência e os dados que corroboram a adoção de cotas sociais conjugadas às cotas étnicas, pois afinal no Brasil, infelizmente, as cores contam.

Abdias: Se pudessem, colocavam o negro de novo na escravidão


Defensor fervoroso do sistema de cotas raciais em universidades públicas, o ex-senador e deputado federal, Abdias do Nascimento, 96 anos, um dos líderes negros de maior expressão no país, considerou "uma coisa lamentável" as alterações no texto original do projeto de lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado nesta quarta-feira (16), no Senado.
Um dos pontos mais criticados foi, justamente, a retirada do trecho que falava sobre a regulamentação da reserva de vagas para a população negra na educação. O estatuto, que tramitou no Congresso durante sete anos, entra em vigor após a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
-As cotas são absolutamente importantes. São um passo adiante da degradação que o negro tem sofrido durante tantos séculos.

Confira a entrevista

Terra Magazine - O Senado aprovou ontem projeto de lei que institui o Estatuto da Igualdade Racial. O texto original sofreu alterações, como a retirada do trecho que previa cotas para negros na educação e a criação de uma política de saúde pública para negros. O que o senhor achou das mudanças?
Abdias do Nascimento - Uma coisa lamentável, porque se há uma população que necessita de um apoio específico em todos os sentidos, em todos os níveis das atividades nacionais são os negros. São os únicos que foram escravos. As pessoas falam que não precisa de uma proteção, mas ninguém foi escravo aqui, a não ser os africanos.

Então, na avaliação do senhor, as mudanças foram lamentáveis.
É claro. Lamentável, porque é uma injustiça a mais. Uma injustiça que se repete.
O relator do texto, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), substituiu o termo "raça" por "etnia", alegando que não existe outra raça além da humana.
Isso é aquela história brasileira de adoçar as coisas. Adoçam o racismo específico contra os africanos e descendentes. Isso mostra, mais uma vez, o gérmen... A alma do Brasil que manda é essa. É contra os africanos, contra os negros. Acho lamentável. Mostra que o Brasil continua o mesmo desde a escravidão. Mostra que, na verdade, ninguém queria que o negro fosse liberto. Mostra que, se pudessem, colocavam, outra vez, a escravidão.

O senhor ainda considera que a Abolição da Escravatura no Brasil não passa de uma mentira cívica e que ainda há um hiato entre negros e brancos no país?É isso aí: uma mentira cívica. Uma "bela" mentira cívica. E ainda existe um hiato entre negros e brancos. Há dois "Brasis": um dos brancos e outro dos negros. Sem dúvida nenhuma.
O autor da proposta, senador Paulo Paim (PT-RS), afirmou que o estatuto está longe do ideal, mas que a aprovação foi uma vitória? O senhor concorda?
Não concordo, porque é a continuidade do racismo, da discriminação, do desprezo pela herança africana. Essas leis, esses disfarces para não chamar o Brasil de racista continuam. Desculpe, mas isso é odioso e, no meu entender, vai realçar a separação, a diferença e a possibilidade dos negros terem uma integração perfeita.

Especialmento sobre o trecho que fala das cotas, que foi suprimido do texto original. O que o senhor acha sobre isso?
As cotas são absolutamente importantes. São um passo adiante da degradação que o negro tem sofrido durante tantos séculos.

Negras são as principais vítimas de violência no Rio de Janeiro


Rio de Janeiro - A mulheres negras têm mais chance de serem alvo de violência no Rio de Janeiro, segundo constata pesquisa divulgada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), na semana passada, baseada em dados coletados em 2009.
O Dossiê Mulher 2010 mostra que as mulheres pretas e pardas (negras, na categoria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são a maioria entre as vítimas de homicídio doloso – aquele em que há intenção de matar - (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%). As brancas só eram maioria nos crimes de ameaça (50,2%).
De acordo com a coordenadora da organização não governamental Crioula, Lúcia Xavier, embora o racismo não esteja evidente nos casos de violência contra a mulher negra, está por trás de processos de vulnerabilização dessas mulheres, que as deixam mais expostas a situações de violência. Para ela, a sociedade desqualifica as mulheres negras.
”O racismo permite que a sociedade entenda que essas mulheres [negras] podem ser violentadas”, afirmou Lúcia. “Está aí a representação delas como lascivas, quentes, sem moral do ponto de vista da sua experiência sexual. Logo, acabam mais vulneráveis para essa violência”.
Em todos os crimes listados no dossiê, também chama a atenção o percentual de vítimas que conheciam os agressores. Nos casos de lesão corporal, 74% das mulheres tiveram contato com os acusados, entre os quais 51,9% eram companheiros ou ex-companheiros. Pai ou padrasto, parentes e conhecidos somaram 22,1% dos agressores.
Nas ocorrência de tentativa de homicídio, a pesquisa constatou que em 45,8% dos casos as vítimas também conheciam os agressores, assim como em 38,8% dos casos de estupro e atentado violentado ao pudor, dos quais 58,4% do total de vítimas tinha até e 17 anos.
“As pessoas que se relacionam intimamente também reproduzem essa violência simbólica do racismo”, destacou a coordenadora da Crioula.
Um das pesquisadoras responsáveis pelo estudo do ISP, a capitã da Polícia Militar Cláudia Moares, não faz a mesma avaliação de Lúcia Xavier. Para a militar, a pesquisa não traz elementos suficientes para relacionar a violência contra as mulheres negras ao racismo.
Cláudia destaca também que as mulheres brancas, em termos percentuais, sofrem quase a mesma violência que as mulheres pardas.
“Essa violência, do tipo doméstica, é democrática, afeta todo os níveis e classes sociais”, afirmou. A pesquisadora também questionou o critério de autodeclaração racial, definido pela própria vítima.
“A pesquisa não traz elementos para afirmar que a questão de raça é um fator motivador da violência. Encontramos maior distribuição [entre pretas e pardas], até porque essa cor é autodeclarada, não é estabelecida pela pessoa que fez o registro”, explicou Claudia.

Homem que xingou de 'nega safada' e cuspiu em negra dentro de ônibus em Brasília segue preso


BRASÍLIA - O homem que xingou uma mulher de 'nega safada' e cuspiu no rosto dela dentro de um ônibus em Brasília vai continuar na cadeia até que o caso seja remetido à Justiça. André Soares Nasser, de 35 anos, foi preso e indiciado em flagrante por crime de injúria racial e lesão corporal. O crime de injúria racial é inafiançável na polícia.
No Código Penal brasileiro há três crimes contra a honra e um deles é a injúria. A pena é de três anos, além de multa, quando ela contém elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
- O autor alegou que esta senhora teria dado o dedo para ele. Mas não há nenhuma testemunha que comprove esta versão. O que nós temos é a versão de que realmente ele levantou, se aproximou, cuspiu em seu rosto e a chamou de 'nega safada' - diz o delegado Laércio Rosseto.
O delegado não indiciou o homem por racismo.
- Nós entendemos que, quando ele partiu para agredir a honra subjetiva da vítima, a intenção dele era de causar esse sentimento de diminuição. E não de praticar um crime contra a raça negra - afirmou o delegado.
Um dois passageiros do ônibus ligou para a Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial. Nesta sexta-feira, o ouvidor da Secretaria, Humberto Adame Junior, disse que o fato de o cidadão estar preso é inédito, pois na maioria das vezes a polícia indicia apenas por injúria, não por injúria racial.
- É um fato inédito e o cidadão está preso. Isto deve servir de exemplo para que outras pessoas que tomem conhecimento disso não aceitem mais este tipo de comportamento social - afirmou.
Para ele, a mobilização das pessoas dentro do ônibus, em defesa da mulher, não é comum.
- Não faria o que o companheiro fez, porque é muito arriscado para os passageiros. Eu deixaria o rapaz sair do ônibus e daria sequência à viagem - diz o motorista de ônibus Elson Santana.
- É meio arriscado. Pode acontecer alguma coisa depois - acrescentou outro motorista.


Conheça as doenças que mais matam mulheres no Brasil e saiba como se prevenir



Tabagismo, sedentarismo e obesidade são os vilões da saúde das mulheres
A cada quatro mulheres que morrem por alguma doença no pais, uma delas é vítima de um problema cardiovascular. Dados do Datasus (banco de dados do Ministério da Saúde) mostram que essas doenças mataram 119.295 mulheres em 2008, o que representa 26,3% das mortes no período. Como comparação, o câncer de mama fez 11.813 vítimas no mesmo ano.
De acordo com o cardiologista Cesar Jardim, do HCor (Hospital do Coração), apesar de as doenças cardiovasculares causarem mais mortes, as mulheres acabam se preocupando mais com os cânceres ginecológicos (útero, ovário e mama).
- Isso faz com que elas deixem de valorizar a questão cardiológica, que deveria assustar mais, até por conta dos números.
Segundo o ginecologista Luiz Gebrim, diretor do hospital Pérola Byington, especializado na saúde da mulher, isso ocorre porque as mulheres visitam mais os especialistas em ginecologia.
- O acesso ao clínico geral e ao cardiologista é menor.
As doenças cardiovasculares, explica Jardim, eram predominantemente masculinas, cenário que mudou porque, atualmente, elas trabalham tanto ou até mais do que eles, já que muitas têm de cuidar dos filhos e da casa.
Jardim explica que o estresse é um fator importante para as doenças cardiovasculares, assim como o tabagismo, o hábito de beber frequentemente e a falta de exercícios.
Outras doenças também aumentam as chances de um problema cardiovascular, como a hipertensão e o diabetes.
A principal batalha contra esses problemas, diz o médico, são os cuidados com os fatores de risco. Por isso, é importante levar uma vida saudável e fazer os exames regularmente, como medir a pressão, calcular a taxa de glicose no sangue e o nível de colesterol.
De acordo com Gebrim, os três fatores mais importantes que podem causar uma morte prematura são o estresse, a obesidade e o sedentarismo.
- E não apenas eventos cardiovasculares, mas também o câncer de mama.
Para Gebrim, o mais importante é que as mulheres com menos de 35 anos se preocupem mais em ter uma vida saudável do que propriamente em fazer exames. E as de mais idade, além da vida saudável, precisam fazer os exames preventivos recomendados, como o papanicolau, para o cólon de útero, e os exames preventivos de mama.

Doenças que mais matam mulheres no Brasil

Tipos de doenças - Nº de mortes - % do total
.Doenças vasculares do cérebro (como derrame) - 48,563 - 10,7%
.Doenças isquêmicas do coração (como angina e infarto) - 39,744 - 8,8%
.Outras doenças cardíacas (como parada cardíaca e morte súbita) - 30,988 - 6,8%
.Diabetes - 28,04 - 6,2%
.Pneumonia - 22,508 - 5%
.Doenças hipertensivas - 22,254 - 4,9%

Acuados no trabalho





Aumentam na Justiça brasileira os casos de assédio moral horizontal, quando quem humilha, agride e isola são os próprios colegas e não os chefes

"Em 25 anos de carreira, nunca tive sequer um desentendimento no ambiente de trabalho. Há cerca de dois meses, porém, comecei a receber e-mails anônimos me desqualificando como profissional e me ofendendo pessoalmente. O meu agressor me chama de pseudoprofissional, me pergunta quando vou deixar de enrolar e começar a trabalhar e usa palavras de baixo calão. Se dá ao trabalho de mandar essas mensagens até de madrugada. Gerencio uma equipe e sei que ninguém morre de amores por seu chefe, mas acho improvável que seja algum subordinado. Parece mais coisa de outro gerente, até pelo tipo de ataque. Ainda não falei com ninguém da empresa, mas já consultei uma advogada. Se a perseguição continuar, vou fazer um boletim de ocorrência e abrir um processo para pedir que o gerenciador de e-mails me passe os dados do dono dessa conta.”
O depoimento do gerente de TI A.M, 44 anos, de São Paulo, ilustra uma prática cada vez mais comum no ambiente profissional. Humilhar, ridicularizar e isolar pessoas deixou de ser uma exclusividade hierárquica, de superiores truculentos, ignorantes ou tiranos. Agora, colegas também se espezinham e se torturam, protegidos por divisórias, contas anônimas de e-mails ou até pela política da maioria das empresas, que fazem vista grossa para casos evidentes de assédio moral horizontal – como se convencionou chamar esse tipo de agressão entre iguais. “A prática cresceu muito nos últimos cinco anos”, confirma a médica Margarida Barreto, uma das maiores especialistas do assunto no Brasil, que organizou a Conferência Internacional sobre Assédio Moral, no Rio de Janeiro. Prova do aumento de casos é a audiência do site Assédio Moral (www.assediomoral.org), criado por Margarida em 2000. No primeiro ano, a página recebia no máximo dois depoimentos de vítimas por mês. Hoje, são 20 por dia.
Como nos casos clássicos de assédio moral, em que o chefe é o algoz do subordinado, esse tipo de psicoterrorismo, também chamado de bullying no trabalho, afeta emocionalmente o trabalhador, compromete a produtividade da empresa e, em última instância, desemboca em processos judiciais e pedidos milionários de indenização. O ambiente corporativo cada vez mais competitivo e a cultura empresarial, que vê o funcionário como gasto em vez de investimento, contribuem para a fabricação em série de torturadores profissionais. Metas inalcançáveis, prazos exíguos, prêmios e castigos criam uma atmosfera inóspita falta de respeito ao ser humano. Mas, apesar de a competitividade funcionar como fermento para índoles frágeis, o funcionalismo público, em que a garantia da estabilidade neutraliza a necessidade de ser melhor que os outros para manter o emprego, também tem se mostrado profícuo de casos. Como o da servidora Tatiana Araújo Jorge, 48 anos, de Brasília. Há 31 anos no Congresso, e em contagem regressiva para se aposentar, ela passou a ser vítima de assédio no trabalho. Tudo porque aderiu a uma chapa contrária à do diretor no sindicato. “Passei a ser perseguida por ele e por colegas que o idolatram e fazem parte do grupo político dele”, conta. Além de ouvir piadinhas, quando chegava ao trabalho Tatiana encontrava invariavelmente sobre sua mesa algum material político do grupo adversário – um folheto, um boné, uma camisa, etc. Ao reclamar, todos alegavam estar apenas brincando. Não estavam. As duas chapas perderam a eleição, mas a perseguição continuou e ela se viu obrigada a pedir transferência. “Foi uma das piores fases da minha vida, de uma violência enorme”, diz.
Como na história de Tatiana, uma das questões mais nebulosas nos casos de assédio entre colegas é perceber o ponto em que uma brincadeira ganha ares de coisa séria. Regra geral, afirmam os especialistas, a piada deixa de ser uma gracinha corporativa quando se repete diariamente e passa a ser pejorativa. “A grande maioria das vítimas nem se dá conta de que está passando por isso”, concluiu a psicóloga gaúcha Mayte Raya Amazarrai, que defendeu uma tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre o bullying entre bancários, uma das categorias mais afetadas pelo problema. Mayte entrevistou 600 profissionais em duas etapas. Em um primeiro momento, apresentou várias situações típicas de assédio e perguntou se a pessoa passava por aquilo com frequência. Em seguida, questionou: você é vítima de assédio moral? Um terço afirmou passar por situações de assédio semanalmente. Mas só 7% afirmaram que sofriam assédio moral de fato. “Isso comprova que eles acham que as perseguições e humilhações fazem parte do jogo e que, se não se submeterem, serão vistos como fracos ou maus profissionais”, explica a pesquisadora.
A psicóloga carioca Luciene Lacerda, que coordena um projeto de combate ao assédio moral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez um estudo com funcionários da área da saúde do Rio de Janeiro e também detectou um considerável número de reclamações de assédio moral horizontal. “Se isso acontece entre colegas é porque há espaço, seja dado pelo chefe, seja por causa da cultura da empresa”, afirma. Foi o que se deu com a enfermeira Naiara Dias Pereira França, 35 anos, de Patrocínio (MG). Primeiro, o dono do hospital em que ela trabalhava a assediou sexualmente. Depois, moralmente. Aí seus colegas se viram no direito de acuá-la também. O bullying começou com piadas relacionadas à cor da pele da enfermeira, que é negra. Ela reagiu e deu queixa na polícia. Em seguida, vieram os boatos de que ela não era boa mãe nem esposa e que traía o marido. “Fora que diziam que eu é que tinha dado a chance para meu ex-patrão me cantar, usando a velha máxima machista.” A situação se arrastou até que a enfermeira foi demitida e entrou com um processo de assédio moral. “Vou até o fim com isso”, diz. “Perdi o sono, o emprego, até o marido. Mas não perdi minha dignidade.”
O assédio moral, vertical ou horizontal, não tem legislação específica – os casos são julgados com base no princípio da dignidade humana, que está na Constituição. Pelo menos nove projetos de lei tramitam no Congresso com esse objetivo. A Justiça do Trabalho, encarregada de julgar casos de assédio desde 2004, não contabiliza processos específicos de assédio moral. Mas juízes, procuradores e advogados são unânimes em apontar o visível aumento. “Os casos crescem em progressão geométrica”, afirma o vice-presidente do Tribunal Superios do Trabalho, ministro João Oreste Dalazen. Embora a grande maioria se resolva nas Superintendências Regionais do Trabalho em acordos entre as partes, os especialistas preveem um congestionamento de ações nas varas.
O assédio moral horizontal também ganha território no meio digital. Troca de acusações por e-mail e reclamações nas redes sociais têm se tornado cada vez mais comuns. O grande perigo da internet é que ela encoraja os agressores mais tímidos. “As pessoas se sentem mais à vontade atrás de um teclado, porque os meios eletrônicos quebram a timidez. Mas esquecem que, dessa forma, estão deixando rastros, que são aceitos como provas pelo Judiciário”, afirma o advogado especializado em direito digital Renato Opice Blum. Segundo a advogada Patrícia Peck Pinheiro, um confronto de gerações está gerando uma situação curiosa nos casos de assédio moral. “A geração Y (até 30 anos) se acostumou a desabafar e fazer justiça via Twitter, enquanto a geração X (acima de 30) é mais adepta da reclamação no cafezinho”, constata. O perigo, segundo ela, é que uma pessoa que está sendo assediada passe de vítima a culpada ao desabafar na internet. Ela começa com um “odeio meu chefe” ou “meu colega é um idiota” e, quando se dá conta, pode ser processada por tê-los difamado. “Por isso, sempre brinco que os fins não justificam os e-mails.”
Muito antes de chegar à Justiça, as vítimas de assédio moral enfrentam uma romaria de adversidades. A primeira delas é o aparecimento de distúrbios físicos e psicológicos. O sofrimento gerado pela agressão causa desde crises de choro e insônia até pensamentos suicidas. Vítima do assédio de seus colegas, a bancária Cassandra Martins, 32 anos, de São Paulo, tem seguidas crises de ansiedade e engordou 12 quilos. Ela adquiriu uma doença nas cordas vocais quando trabalhava no telemarketing da instituição financeira, que a faz tirar seguidas licenças médicas. Sempre que volta de uma delas, é a mesma ladainha: “Estava de férias?”, “Que vida boa, hein?” ou “Adoraria ter sua doença para ficar recebendo sem trabalhar”. Atualmente afastada, Cassandra não vê a hora de voltar à ativa. “Não aguento mais ficar em casa, preciso sustentar meu filho”, diz. Segundo o psicólogo especialista em relações humanas Dirceu Moreira, autor do livro “Transtorno do Assédio Moral. Bullying – a Violência Silenciosa” (WAK Editora), quando chega ao seu consultório, a vítima de assédio já está em depressão. “Ela se sente incapaz e não vê mais sentido na vida”, diz.
Diante do aumento de casos, algumas empresas começam a se mobilizar para evitar o problema, afirma a consultora em recursos humanos Maria Inês Fellipe. Palestras de prevenção e cursos de formação de líderes estão entre as estratégias. “Tudo é muito tímido, no entanto”, diz Maria Inês. “A grande maioria das empresas ataca as consequências e não a causa do assédio”, diz. “Se está todo mundo estressado, por exemplo, um curso de massagem não resolve a questão.” Magnus Ribas Apostólico, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), concorda que se antecipar é o melhor caminho. “O concorrente está fora da empresa, não dentro”, lembra. A analista financeira Gabriela Marcondes, 25 anos, de São Paulo, aprendeu essa lição de maneira traumática. Recém-formada, ela foi assediada pela pessoa que iria substituir. Magoada, a funcionária demitida fez com que toda a equipe ignorasse Gabriela, a ponto de ela ter de voltar para casa na hora do almoço por não ter companhia. “Parecia coisa de colégio”, lembra. “Acho que isso só aconteceu comigo porque meu chefe não soube gerir a troca de funcionários.”
Em meio ao terreno pantanoso no qual o assédio moral se desenrola, fica a dica às vítimas: procure ajuda psicológica em primeiro lugar. “Se a pessoa consegue voltar a enxergar a própria competência, ela perde o medo, recupera a autoestima e consegue se impor”, ressalta Moreira. Se ainda assim as humilhações persistirem, anote todos os detalhes sobre as agressões –, datas, dias, horários, setores e até possíveis testemunhas – caso a história mereça ser levada aos tribunais.

Ciberbullying: o que fazer quando seu filho é o agressor?


A garotada sabe tudo sobre internet. E quase nada sobre respeito
Antes de tudo, peço desculpas pelo palavrão cheio de consoantes que você acaba de ler. Ciberbullying é um termo esquisito. Soa aos meus ouvidos como um pedregulho, como uma agulha desgastada que arranha um disco de vinil. Quem nasceu depois dos anos 90 talvez nunca tenha visto um desses bolachões, mas certamente sabe o que é ciberbullying. A palavra, em inglês, foi importada e rapidamente incorporada ao nosso vocabulário assim como a maioria dos hábitos e ferramentas que a internet instituiu.
Sob vários aspectos, a internet mudou nossa vida para melhor. Sabe-se, porém, que também trouxe problemas. Um deles foi ter amplificado o poder devastador do bullying, um tipo odioso de violência escolar. O bullying ocorre quando o agressor é mais forte ou mais poderoso que a vítima. É praticado por quem insiste em humilhar, subjugar, agredir o colega, isolá-lo do grupo. Quem já passou por isso sabe que as consequências podem ser duradouras. Podem surgir sintomas físicos, doenças psicossomáticas, problemas emocionais, sociais e de aprendizagem.
O bullying no meio digital (ou ciberbullying) tornou-se uma grande preocupação dos pais que têm filhos em idade escolar. Li um interessante estudo publicado em julho na revista científica Archives of General Psychiatry. Um resumo do artigo você encontra neste link. O trabalho menciona uma estatística sobre ciberbullying entre estudantes de 10 a 17 anos nos Estados Unidos. Nessa amostra, 12% declararam ter agredido alguém pela internet; 4% disseram ter sido alvo de agressão e 3% revelaram ter estado nas duas posições. Ou seja: em algumas vezes foi o agressor. Em outras, o agredido.
Todos nós tentamos proteger nossas crianças dessa ameaça. E se o seu filho estiver do outro lado? E se você descobrir que, em vez de vítima, ele é o agressor? A probabilidade de ter em casa uma criança ou jovem que pratica ciberbullying não é baixa. Dependendo da idade da criança, ela nem entende direito a extensão dos danos provocados pelas agressões. Mas agridem. Recentemente ouvi duas histórias que chamaram minha atenção para o desafio que os pais e as escolas enfrentam.
Três meninas de 10 anos se encontraram na frente de um computador e decidiram dizer tudo o que pensavam sobre uma coleguinha de classe. Bancaram as "supersinceras". Escreveram coisas do tipo: "você é chata", "você acha que tudo tem de ser do seu jeito", “nunca mais quero ser sua amiga” etc. Dá para imaginar a confusão que isso provocou, né?
Os pais da menina agredida reclamaram. Os pais das agressoras ficaram arrasados, se perguntando onde erraram na educação das filhas. Por sorte, os casais são amigos e puderam conduzir a história com maturidade. Procuraram mostrar às crianças o quanto elas sofreriam se estivessem na posição da menina agredida. E o quanto esse tipo de constrangimento é odioso. Tentaram mostrar, também, que não podemos dizer pela internet aquilo que não temos coragem de expressar pessoalmente.
As agressoras choraram. De vergonha e arrependimento. Demonstraram, sinceramente, não ter noção dos danos que estavam provocando. Achavam que, se fossem francas com a amiga, ela perceberia que precisava mudar seu comportamento.
Superada a crise (pelo menos aparentemente), as quatro continuam amigas. Passam as tardes juntas na escola, dormem na casa de uma ou de outra nos finais de semana, se falam por telefone, trocam mensagens pelo Orkut. Mas esse episódio foi uma grande lição. Para as crianças e para os adultos.
A outra história aconteceu com um menino de 10 anos, bastante querido pela turma. Por alguma razão, ele se esforça para ser identificado como um bom camarada. Comete atos de generosidade exagerada. Está sempre dando algum presente a alguém. Brinquedos caros, balas, figurinhas disputadas etc. Faz tudo o que lhe pedem. Em troca de afeto, talvez? Um dia desses o "gente boa" deu a senha de seu perfil no Orkut a uma colega de sala.
O que aconteceu? A menina se fez passar por ele e enviou xingamentos a várias colegas. Soltou o verbo e o veneno. "Você é feia", "não quero namorar você", "fulano não gosta de você", etc. Foi uma confusão. Todas as meninas se voltaram contra ele. As mães das garotas foram tirar satisfação com a mãe do menino. Até essa mulher conseguir entender o que aconteceu e provar às outras que ele não era ele, muito sofrimento rolou.
Esses e outros episódios me levam a crer que a garotada que sabe tudo de internet está completamente perdida no que diz respeito às regras de convivência nesse novo ambiente. Em habilidade tecnológica, essa geração é nota 10. Em discernimento e ética, merece zero.
Os pais e as escolas precisam enfrentar o problema. Sem rodeios. Sem fingir que é um mal menor. O primeiro passo é tentar entender a dimensão do ciberbullying. Existem poucas pesquisas sobre o assunto no Brasil. O estudo que mencionei no início desse texto foi realizado na Finlândia com 2,2 mil adolescentes entre 13 e 16 anos. Com a garantia do anonimato, eles relataram os episódios de ciberbullyig praticados nos seis meses anteriores. Nessa amostra, 7% se declararam agressores. Quase 5% relataram ser vítimas. Outros 5,4% disseram ter vivido os dois papéis (agressor e vítima).
Entre os problemas de saúde e/ou emocionais relatados pelas vítimas apareceram dores de cabeça, dores abdominais recorrentes, dificuldades de sono e sensação de insegurança na escola. Entre os agressores, verificou-se hiperatividade, problemas de conduta, dores de cabeça, abuso de cigarro e álcool etc. Todos esses problemas foram verificados entre os adolescentes que viveram os dois papéis (agressor e vítima).
Se os pais pudessem intervir precocemente, antes que as agressões se transformassem numa bola de neve, muito sofrimento poderia ser evitado. Mas como saber se a belezinha que você tem em casa é um tirano no mundo digital?
"Já conversei com pais arrasados ao descobrirem que seus filhos estavam envolvidos em investidas maldosas contra colegas de classe", diz a hebiatra Maria Dulcinea Oliveira, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. O que eles podem fazer? Algumas sugestões da médica especializada no atendimento de adolescentes:
• mostrar aos jovens (ou às crianças) o impacto dos atos deles na vida do outro;
• obter informações sobre a vítima e seus pais para que, juntos, possam pedir desculpas;
• descobrir por que o agressor partiu para o ataque e ajudá-lo a rever os conceitos que tem das pessoas e do mundo;
• demonstrar interesse pelo mundo digital e, dessa forma, supervisionar de que forma o filho se comporta na internet.

É um bom começo, mas cada família precisa avaliar se está sendo capaz de transmitir aos filhos valores fundamentais como respeito, tolerância e educação. Dentro e fora da internet.

O fenômeno Bullying pode gerar malefícios irreparáveis e crimes diversos.


Na trajetória da vida nos deparamos com situações inusitadas e surpreendentes. Em algumas delas podemos agir, interferir e até mesmo remediar algo de errado, porém noutras, apenas lamentar.
Dia desses, em visita a cidade de Salvador, fui ao Mercado Modelo e ali nas suas imediações um fato ocorrido me chamou atenção para o termo inglês conhecido por Bullying, cujos atos decorrentes são antigos, mas que no presente tempo com a propagação das ações inerentes trás imensa preocupação para os educadores, pais de alunos, autoridades diversas e para a sociedade em geral, vez que os seus resultados sempre se esbarram em situações criminosas ou deprimentes, por vezes com malefícios irreparáveis principalmente para as suas vítimas.
O fenômeno Bullying é usado no sentido de identificar ações provindas dos termos zoar, gozar, tiranizar, ameaçar, intimidar, isolar, ignorar, humilhar, perseguir, ofender, agredir, ferir, discriminar e apelidar pessoas com nomes maldosos, que na grande maioria das vezes tem origem nas escolas através dos jovens alunos que assim praticam tais maldades contra determinados colegas que possuem algum defeito físico, assim como, os relacionados à crença, raça, opção sexual ou aos que carregam algo fora do normal no seu jeito de ser.
De volta ao Mercado Modelo, chegava um ônibus de turismo quando diversos vendedores ambulantes assediavam os turistas para venderem os seus produtos, quando apareceu um velho mendigo, barbudo, cabeludo, maltrapilho, imundo, de pés descalços, tipo daqueles cidadãos que vivem ou sobrevivem à espera da morte na miséria absoluta, morando debaixo das marquises das lojas ou dos viadutos que o tempo e a vida lhes deram de presente e, ao se aproximar daquele grupo de pessoas, então um dos vendedores o enxotou em verdadeira humilhação:
- Sai prá lá GAMBÁ que você espanta qualquer um com o seu fedor de fossa insuportável!...
Vendo aquela cena deprimente e desumana me aproximei daquele mendigo que já saía sem reclamar com o “rabinho entre as pernas” para lhe dar um trocado qualquer e então, do seu jeito de caminhar, dos seus gestos com as mãos, de um sinal no rosto e de um tic nervoso a piscar a todo tempo um dos olhos quase já fechado pela amargura do seu viver, o reconheci...
De imediato naveguei pelo túnel do tempo de volta ao passado e aportei em uma Escola da rede pública ali próxima na própria cidade baixa da capital baiana, no início dos anos 70, onde estudei por quase dois anos antes de voltar para Aracaju e, lá encontrei o colega de classe apelidado de GAMBÁ, então perseguido implacavelmente, ofendido na sua cidadania, discriminado pelo seu jeito de ser e humilhado incondicionalmente pela grande maioria dos seus jovens colegas, meninos e meninas com idades aproximadas de 13 e 14 anos.
Aquele jovem que talvez não gostasse de tomar banho ou que talvez não tivesse oportunidade freqüente para tanto, pelo fato de possivelmente morar em alguma invasão desprovida de saneamento básico e, que sempre chegava suado e cheirando mal em sala de aula, talvez pelo provável fato de também não possuir produtos higiênicos na sua casa, logo ganhou de algum colega gaiato o apelido de gambá que nele grudou qual uma sanguessuga a sugar a sua dignidade e, então passou a ser menosprezado e ofendido por quase todos da classe e até das salas circunvizinhas. Por onde passava os alunos tapavam o nariz e na sala de aula sentava na última carteira, isolado de todos. De tanto humilhado e discriminado que era ninguém dele se aproximava, principalmente por receio de também ser hostilizado.
Senti uma fisgada no peito ao me ver também culpado pelo que se transformou o jovem colega conhecido por gambá. Confesso ter sido cúmplice por omissão, não por ação, pois eu também era uma vítima das ações nefastas advindas do Bullying, por ser um menino tímido ao extremo ao ponto de todos os dias entrar calado e sair mudo em sala de aula, então isolado pelos colegas da classe que preferiam lidar com os mais falantes e extrovertidos.
Como vítima parceira de tais ações depreciativas, o certo era eu ter me juntado ao colega gambá, mas não o fiz por covardia, por medo, por receio de ser mais rechaçado ainda pelos demais estudantes e assim sofremos individualmente em proporções diferentes a dor do isolamento e da humilhação naquele interminável ano de 1972. No ano seguinte gambá, após ter sido reprovado com as menores notas da classe em todas as matérias possíveis não mais retornou ao Colégio, enquanto que, para minha alegria logo retornei para o meu querido Estado de Sergipe para crescer e esquecer aquele deprimente, humilhante e sufocante tempo.
Essa triste lição de vida me mostrou o quanto as chamadas inocentes brincadeiras de criança podem ser maléficas para tantos outros, se é que essas ações escolares agora conhecidas por Bullying podem ser consideradas inocentes, vez que para muitos estudiosos no assunto, tais ofensores sofrem de distúrbios psíquico que precisam de tratamento sob pena de explosões mais desastrosas ainda, como de fato vem ocorrendo em muitos lugares.
A agressividade e a violência advindas do fenômeno Bullying assumem além de tudo, o caráter etiológico do violar, não só referente às normas de conduta, a moral e a disciplina, mas principalmente viola os direitos do cidadão relacionados a sua integridade física e psíquica, a sua liberdade de opinião ou sua escolha de vida, a sua liberdade de expressão e até de locomoção, enfim, fere de morte o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana em sociedade.
A psiquiatria e a psicologia mostram que além do sofrimento dos jovens vítimas do fenômeno Bullying, muitos adultos ainda experimentam aflições intensas advindas de uma vida estudantil traumática.
Nos últimos anos a população mundial freqüentemente assiste atônita as diversas situações estarrecedoras quase sempre nascidas e advindas do fenômeno Bullying, com agressões físicas e assassinatos por parte de alunos contra os seus próprios colegas, contra professores, guerras de gangues, de torcidas organizadas, de tráfico de drogas com participação de jovens estudantes até mesmo dentro das próprias instalações escolares.
As diversas Escolas espalhadas pelo país, destarte para as situadas nos ambientes periféricos das grandes cidades se tornaram espaço de intolerância, competições absurdas e conflitos de todos os tipos possíveis, em especial para os problemas relacionados às drogas, assim como, para os pertinentes à liberdade sexual, ou seja, para as meninas que não aderem a esse tipo de pratica livre, passando então as mesmas a sofrer diversos tipos de perseguições, em verdadeiras inversões de valores por conta das ações absurdas do fenômeno Bullying.
Ética, solidariedade e humanismo são realmente palavras desconhecidas e perdidas em muitas comunidades de jovens estudantes que as substituem pelo desrespeito e pela afronta ao direito individual do seu colega que pretende prosperar e vencer na vida honestamente, pelo seu próprio esforço e valor.
É preciso dar um basta nestes tipos perniciosos de vandalismo e delitos juvenis. O jovem necessita acima de tudo de limites. Precisa entender os seus direitos e os seus deveres e até onde eles chegam. Precisa de disciplina e autoridade. Precisa entender que todos são cidadãos em igualdade de condições. Entretanto, para que consigamos chegar a tal geração de jovens politizada, só com uma boa educação familiar e escolar é possível alcançar tal objetivo.
Assim, não há como deixar de concluir que estamos diante de um sério problema relacionado às áreas educacional, social, da psiquiatria e de segurança pública, com real tendência para sua resolução na educação preventiva, curativa psiquiatra ou psicológica, por isso, necessário se faz, da consciência absoluta do Ministério da Educação com a elaboração de verdadeiro e efetivo Programa de combate a este grande malefício conhecido por Bullying, tomando por gerentes os bons educadores, estudiosos e pesquisadores no assunto que em alguns Estados brasileiros já se fazem presentes nas suas respectivas secretarias de educação, mas que necessitam, sem sombras de dúvidas, de melhores investimentos financeiros para as suas conseqüentes vitórias que por certo serão galgadas no trabalho junto aos pais de alunos, professores e dos próprios estudantes autores e vitimas do fenômeno.
Além dessa medida, necessário se faz uma batalha mais ampla dentro do Legislativo, até com uma reforma no próprio Estatuto de Criança e do Adolescente com reais modificações e acrescentando-se a esta Lei bons artigos inerentes ao tema para possibilitar ao Estado Nação um melhor campo de atuação, pois é desejo de todos nós vermos os nossos jovens estudantes crescendo e somando-se a construção coletiva e permanente para o pleno exercício da cidadania.

Facebook anuncia novidades no combate ao ciberbullying



Com o objetivo de garantir uma navegação mais segura aos internautas e prevenir formas de violência online como o ciberbulliyng, o Facebook anunciou duas novas ferramentas de segurança que possibilitam maior participação dos usuários na prevenção e na denúncia de casos de violência dentro da rede social. O anúncio foi feito no dia 10 de março durante uma conferência para prevenção do bullying, organizada pela Casa Branca em Washington (EUA), que também contou com a participação do presidente Barack Obama.
Nas próximas semanas, os usuários poderão enviar mensagens particulares a outros usuários autores de conteúdos ofensivos ou que violam os termos de uso do Facebook. Além disso, os usuários que decidirem relatar algum tipo de conteúdo diretamente ao Facebook poderão agora incluir outros usuários à mensagem como pais ou professores.
O Facebook também irá melhorar o Centro de Segurança do sistema com mais recursos multimídias, como vídeos educacionais, artigos de especialistas e materiais para download. Esse conteúdo poderá ser baixado ou compartilhado com o objetivo de difundir o conhecimento sobre segurança na internet.
O anúncio dessas novidades foi publicado por meio de nota na página de segurança do Facebook. Para ler a íntegra da nota e obter mais informações, acesse:

Bullying: O drama de quem sofre em silêncio na escola

Uma a cada cinco crianças é alvo de bullying no Brasil


Uma a cada cinco crianças brasileiras sofre algum tipo de constrangimento no ambiente escolar. Segundo reportagem especial da Rádio Bandeirantes, agredidos e agressores estão em sua maioria na adolescência entre 11 e 15 anos. Mas a ação é verificada com menor frequência entre crianças de 6 e 7 anos.
De acordo especialistas, tirar sarro ou fazer chacota com amigos da mesma idade são atitudes naturais, mas apenas até um determinado momento. Quando a brincadeira provoca humilhação ou menosprezo está configurada a prática de bullying, termo em inglês para um fenômeno que passou a ser pesquisado recentemente.
O bullying faz parte do dia-dia de estudantes de todas as classes sociais e é definido por uma série de ações intencionais e repetitivas cometidas contra um colega. O objetivo do autor é causar dor, medo e sofrimento, além de assegurar poder dentro de um determinado grupo.
A série de reportagens "Ação sem Reação" vai ao ar pela Rádio Bandeirantes ao longo desta semana, quando muitas escolas iniciam o ano letivo. Na 1ª reportagem, vítimas de bullying contam os traumas que ficaram depois de serem assediadas

Bullying contra alunos com deficiência


A violência moral e física contra estudantes com necessidades especiais é uma realidade velada. Saiba o que fazer para reverter essa situação

Um ou mais alunos xingam, agridem fisicamente ou isolam um colega, além de colocar apelidos grosseiros. Esse tipo de perseguição intencional definitivamente não pode ser encarado só como uma brincadeira natural da faixa etária ou como algo banal, a ser ignorado pelo professor. É muito mais sério do que parece. Trata-se de bullying. A situação se torna ainda mais grave quando o alvo é uma criança ou um jovem com algum tipo de deficiência - que nem sempre têm habilidade física ou emocional para lidar com as agressões.
Tais atitudes costumam ser impulsionadas pela falta de conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito trazido de casa. Em pesquisa recente sobre o tema, realizada com 18 mil estudantes, professores, funcionários e pais, em 501 escolas em todo o Brasil, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) constatou que 96,5% dos entrevistados admitem o preconceito contra pessoas com deficiência. Colocar em prática ações pedagógicas inclusivas para reverter essa estatística e minar comportamentos violentos e intolerantes é responsabilidade de toda a escola.

Conversar abertamente sobre a deficiência derruba barreirasQuando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel**, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino - na época com 9 anos de idade - do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos (leia no quadro abaixo outros encaminhamentos para o problema). Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta. Hoje, com 13 anos, Gabriel continua na escola e estuda na turma da professora Maria do Carmo Fernandes da Silva, que recebe capacitação do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e está sempre discutindo a questão com os demais educadores. "A exclusão é uma forma de bullying e deve ser combatida com o trabalho de toda a equipe", afirma. De fato, um bom trabalho para reverter situações de violência passa pela abordagem clara e direta do que é a deficiência. De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento.
Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimizar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. Esse, aliás, deve extrapolar os limites da sala de aula, pois a violência moral nem sempre fica restrita a ela. O Anexo Eustáquio Júnio Matosinhos, ligado à EM Newton Amaral Franco, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, encontrou no diálogo coletivo a solução para uma situação provocada por pais de alunos. Este ano, a escola recebeu uma criança de 4 anos com deficiência intelectual e os pais dos coleguinhas de turma foram até a Secretaria de Educação pedir que o menino fosse transferido. A vice-diretora, Leila Dóris Pires, conta que a solução foi fazer uma reunião com todos eles. "Convidamos o diretor de inclusão da secretaria e um ativista social cadeirante para discutir a questão com esses pais. Muitos nem sabiam o que era esse conceito. A atitude deles foi motivada por total falta de informação e, depois da reunião, a postura mudou."

Seis soluções práticas- Conversar sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele.
- Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário.
- Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão.
- Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos.
- Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma.
- Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.

Antecipar o que vai ser estudado dá mais segurança ao aluno
No CAIC EMEIEF Antônio Tabosa Rodrigues, em Cajazeiras, a 460 quilômetros de João Pessoa, a solução para vencer o bullying foi investir, sobretudo, na aprendizagem. Ao receber José, um garoto de 12 anos com necessidades educacionais especiais, a professora Maria Aparecida de Sousa Silva Sá passou a conviver com a hostilidade crescente da turma de 6ª série contra ele. "Chamavam o José de doido, o empurravam e o machucavam. Como ele era apegado à rotina, mentiam para ele, dizendo que a aula acabaria mais cedo. Isso o desestabilizava e o fazia chorar", lembra. Percebendo que era importante para o garoto saber como o dia seria encaminhado, a professora Maria Aparecida resolveu mudar: "Passei a adiantar para o José, em cada aula, o conteúdo que seria ensinado na seguinte. Assim, ele descobria antes o que iria aprender".
Nas aulas seguintes, o aluno, que sempre foi quieto, começou a participar ativamente. Ao notar que ele era capaz de aprender, a turma passou a respeitá-lo. "Fiquei emocionada quando os garotos que o excluíam começaram a chamá-lo para fazer trabalhos em grupo", conta. Depois da intervenção, as agressões cessaram. "O caminho é focar as habilidades e a capacidade de aprender. Quando o aluno participa das aulas e das atividades, exercitando seu papel de aprendiz e contribuindo com o grupo, naturalmente ele é valorizado pela turma. E o bullying, quando não cessa, se reduz drasticamente", analisa Silvana Drago, responsável pela Diretoria de Orientação Técnica - Educação Especial, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Samara Oliboni, psicóloga e autora de tese de mestrado sobre bullying, diz que é preciso pensar a questão de forma integrada. "O professor deve analisar o meio em que a criança vive, refletir se o projeto pedagógico da escola é inclusivo e repensar até seu próprio comportamento para checar se ele não reforça o preconceito e, consequentemente, o bullying. Se ele olha a criança pelo viés da incapacidade, como pode querer que os alunos ajam de outra forma?", reflete. A violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos, especialmente para os que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito e harmonia.

** Os nomes dos alunos foram trocados para preservar a identidade

Estudante vítima de bullying assistirá a aulas acompanhado da mãe em SP


Menino de 9 anos frequenta colégio de Rubiácea, no interior de SP.
Decisão foi tomada pela Polícia Civil, Conselho Tutelar e a escola.
Um estudante de 9 anos de Rubiácea, a 558 km da capital paulista, que vinha sofrendo bullying por parte de colegas de escola, vai assistir às aulas junto com a mãe. Essa foi a solução encontrada pela Polícia Civil, Conselho Tutelar e a escola para que o garoto não seja reprovado.
A partir do próximo ano, o menino deve estudar em outra escola, em Guararapes. A polícia ouviu professores, alunos e funcionários da escola. O delegado Getúlio Nardo, responsável pelo caso, informou que todos se comprometeram a evitar situações semelhantes na escola. De acordo com ele, a polícia procurou agir de maneira a educar, em vez de punir os estudantes.

'Fui chamada de prostituta', diz garota agredida em escola em SP

Garota teve escoriações no antebraço e ferimento
na orelha
(Foto: Letícia Macedo/G1)

Aluna disse que colegas riem dela; suspeitas de agressão negam provocação.
Escola fará reunião para tentar solucionar conflito nesta quinta-feira (28).
Uma das garotas que foi agredida na Escola Estadual Adhemar Bolina, em Biritiba Mirim, na região de Mogi das Cruzes, disse que parte dos colegas agora faz graça com a violência sofrida.
Na quarta-feira (27), após voltar à escola, a menina de 14 anos disse ter sido alvo de chacota. “Foi um dia ruim. [Alguns colegas de sala] têm dó, mas outros ficam rindo porque eu apanhei”, disse.
As brigas têm se tornado frequentes; mais de uma já foi, inclusive, filmada por celulares.
A aluna da 8ª série que se disse alvo de chacotas foi agredida na sexta-feira (22), a última confusão registrada. Ela se disse vítima de bullying desde o início do ano letivo e fez um boletim de ocorrência depois de apanhar das colegas de classe. As suspeitas, no entanto, negaram ao G1 ter provocado a confusão. Uma delas disse ter entrado apenas para separar a briga.
A garota agredida afirmou que uma colega de classe de 15 anos é quem mais lhe importuna. “Ela fala assim: ‘você se acha, mas compra roupa no brechó’."
A confusão teve início na última sexta em sala de aula. Segundo ela, uma amiga da colega de classe de 15 anos a ofendeu, chamando-a de "prostituta". Já no pátio, ela disse ter sido atacada por quatro garotas. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou escoriações na região frontal, no antebraço e um ferimento na orelha da garota.

Outro ladoAs duas apontadas como as principais agressoras, no entanto, negaram ter provocado a garota. A menina de 15 anos disse que só entrou para separar a briga. “Já me envolvi em confusão, mas dessa vez, não. Fui só separar a briga. Não foi muito, mas apanhei [na sexta-feira]”, afirmou.
A mãe da adolescente de 15 anos negou que a filha provoque confusões no colégio. “Ela até chorou de desgosto quando soube que estavam falando que ela tinha provocado a confusão”, afirmou a dona de casa. Para ela, a filha tem recebido um tratamento discriminatório na escola. “Ela já foi agredida. Fui reclamar na escola e ninguém fez nada”, disse.
A garota, porém, disse que não consegue se controlar quando é provocada. “Sabem que eu não aguento provocação. Sou esquentada”, disse ela que teve vários boletins de ocorrência registrados em 2010. Em maio, foram duas brigas com uma outra menina, o que a levou ao fórum. “Levamos um sermão. Para mim, resolveu. Para ela parece que não”, disse a garota de 15 anos.
A outra garota apontada como autora das agressões, suspeita de ofender a menina de 14 anos, disse que não foi ela quem começou a briga. "Foi ela quem falou que minha mãe era prostituta. E não o contrário", afirmou.

Professores mediadoresDe acordo com a Secretaria da Educação, quatro garotas foram suspensas devido à confusão e os pais delas, convocados para uma reunião de conselho nesta quinta-feira (28), da qual participarão também a direção, funcionários do colégio e um representante da Diretoria de Ensino. A Diretoria de Ensino de Mogi das Cruzes solicitou que dois professores mediadores comecem a trabalhar na escola para evitar novos conflitos.


Brigas entre alunos
O presidente do Conselho Tutelar de Biritiba Mirim, Alexandre Batista de Araújo, afirmou que foram notificadas cinco denúncias de brigas em colégios estaduais e municipais do município, mas disse que ainda é cedo para dizer que Biritiba Mirim enfrenta um problema.
“Apenas em 60 ou 90 dias teremos um levantamento sobre esses incidentes e poderemos concluir se é ou não alarmante”, declarou. Sobre a agressão ocorrida na última sexta, Araújo disse que o caso corre em sigilo e que, por isso, não pode dar detalhes.

Imagens mostram cenas de violência dentro e fora de escolas em SP


SÃO PAULO - Imagens mostram cenas de violência entre estudantes, dentro e fora das escolas, em Biritiba Mirim, a 74 km da capital paulista, na região de Mogi das Cruzes. Em menos de 10 dias, o Conselho Tutelar do município já registrou cinco brigas envolvendo estudantes - número alto para uma cidade com três escolas e apenas 30 mil habitantes.Uma aluna foi agredida por quatro meninas quando saiu da escola. A garota conta que as meninas batem porque ela não usa roupas de grife ou porque ela é quieta durante as aulas, ao contrário das agressoras.
A diretora regional de Ensino, Teresa Lúcia dos Anjos, pensa em criar a figura do professor mediador, para tentar desenvolver o bom relacionamento entre os alunos.
O pai da menina agredida diz que a filha tem medo de ir à escola e apanhar de novo e tem se tornado cada vez mais quieta.
As brigas entre os estudantes não são o único problema das escolas paulistas. Na região de Bauru, o problema é a onda de vandalismo, com roubos e destruição do patrimônio escolar.
Em Sorocaba, o Ministério Público vai apurar a existência de gangues dentro das escolas públicas. Na escola Roque Conceição Martins, na zona norte de Sorocaba, um grupo de meninas aterroriza as colegas.
A família de uma estudante denunciou à polícia a ação de uma gangue de alunas que estaria agindo numa escola no bairro Mineirão, em Sorocaba, a 97 km de São Paulo. Além da adolescente, os primos e a mãe dela já foram agredidos.
Todos eles confirmam a existência da suposta gangue. No entanto, não é a primeira vez que há denúncias de gangues atuando em escolas públicas. Em março deste ano, os pais decidiram tirar a filha da escola Joaquim Izidoro Marins, também na zona norte, depois dela ser agredida por um grupo de meninas. Para o Ministério Público, são fatos graves, que vão ser investigados

Alunos bolivianos pagam para não apanhar em escola estadual de SP


Alunos imigrantes da escola estadual Padre Anchieta, no Brás (região central de São Paulo), pagam "pedágio" aos brasileiros para não apanhar fora da unidade. A informação é da reportagem de Raphael Marchiori publicada na edição desta terça-feira da Folha (íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Para se sentirem seguros, os estrangeiros, principalmente bolivianos, pagam lanches na cantina ou dão aos brasileiros o que têm nos bolsos, mesmo que seja R$ 1. "Caso contrário, apanham do lado de fora da escola", diz Mário Roberto Queiroz, 49, professor de história e mediador --função criada pela Secretaria da Educação para trabalhar junto à comunidade escolar questões como atos de vandalismo, discriminação e violência.
A compra da "segurança" foi revelada à Folha por alunos e docentes. A própria direção da unidade confirma. Um aluno e um ex-aluno da escola, ambos de 16 anos, afirmam que os casos ocorrem pelo menos desde 2008. "Eles pedem R$ 1 ou R$ 2. Entreguei três vezes. Na quarta, apanhei", conta um deles, que está há 14 anos no Brasil

Pais e escola trocam acusações após bullying


Caso em que menino de 9 anos teve de lamber vaso sanitário acabou em transferência e expulsão em colégio tradicional

Ter as bochechas apertadas, ser beliscado e até virar alvo de gozação de toda a turma, até certo ponto, fazem parte dos percalços da convivência escolar. Mas e se a “brincadeira” é colocar a cabeça dentro do vaso sanitário e enfiar a língua dentro d’água, como L., de 9 anos, fez a pedido de alguns colegas?
Pais e direção não souberam como agir no caso do aluno do 4.º ano do ensino fundamental da tradicional escola particular Ofélia Fonseca, no bairro de Higienópolis, em São Paulo. A história de L., assediado por colegas há um ano, provocou um jogo de empurra de responsabilidade entre família e escola.
Quando soube do episódio, a mãe de L., a jornalista Ana Paula Feitosa, de 38 anos, ficou muito nervosa e também incomodada com a falta de ação da escola, onde seu ex-marido havia estudado. “Fiquei sozinha nessa história. Achei um descaso”, conta ela, que diz ter procurado o colégio por várias vezes no último ano para tentar dar fim às chacotas contra o filho.
O dono do Ofélia Fonseca, Sergio Brandão, afirma que foram “tomadas as medidas” e diz estar “tristíssimo” com o caso, que culminou na transferência de L. e na expulsão de outro colega, supostamente um dos algozes. “Foi como perder um filho.”
Para Brandão, a fragmentação das famílias, com pais ausentes, atrapalha o ambiente escolar. “Às vezes, as crianças chegam chateadas e têm atitudes imprevisíveis. Elas não dão problema. Os adultos, sim.”
A história de L. não é um caso isolado de bullying em escola particular. Com medo da repercussão negativa, os colégios em geral abafam os episódios. Os pais, preocupados com o estigma, escondem a situação.
Ana Paula preferiu inverter a lógica do silêncio. Para se livrar da angústia que não passava, decidiu contar a história de seu filho. “Ele sempre foi fechadinho, imaturo e quietinho; é filho único. Mesmo assim, nunca achei que fosse acontecer com ele. Agora, sempre alguém vem com um caso para me contar.”
Para especialistas na área, a jornalista e o pai do menino, o técnico em eletrônica Marcelo Cortelazo, de 37 anos, agiram corretamente ao dividir a experiência com outras pessoas. A psicóloga Lídia Webber, do Núcleo de Análise de Comportamento do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, diz que não é possível esconder esse tipo de situação.
A psicóloga considera saudável que o tema seja amplamente discutido pela sociedade. As escolas, tanto particulares como públicas, diz Lídia, não têm conseguido adotar estratégias eficientes para dar conta da violência entre as crianças e adolescentes – e ela tem se intensificado.
“Lá fora, o bullying é tratado na base da tolerância zero”, diz Lídia. E isso não significa que as crianças sejam punidas pelo Estado. Ao contrário, ao menor sinal de que algo anda mal, providências intensas são tomadas, envolvendo pais e direção. “O menino que faz o bullying tem de sofrer consequências, dentro da escola”, diz.
Para Miriam Abramovay, coordenadora de pesquisas da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), o acompanhamento escolar cuidadoso e constante é necessário.
No caso do Ofélia Fonseca, as medidas para sanar a situação de L., como conversas entre as crianças, para que elas se conscientizassem sobre o assunto, foram tomadas. “A escola, muitas vezes, faz alguma coisa. Mas essas ações precisam de tempo para amadurecer”, diz Cléo Fante, pedagoga da ONG Plan.


Legislação

Na opinião de alguns especialistas, parte da confusão sobre o que fazer ao se deparar com um caso de bullying na escola particular ocorre porque ninguém tem muito claro como agir. Há lacunas na legislação e faltam políticas específicas.
“Não existe na esfera federal uma política pública sobre isso”, diz Cléo. Projetos de lei tramitam no Congresso, tanto no sentido de prevenir a violência na escola como para criminalizar condutas. Um deles foi aprovado em julho pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e alteraria a Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
A proposta tem o objetivo de acabar com a “exclusão do aluno do grupo social, a injúria, calúnia e difamação, a perseguição, discriminação e uso de sites e redes sociais para incitar violência”.
No Estado de São Paulo também existe um projeto de lei. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram aprovadas normas nesse sentido. Políticas públicas também foram adotadas pela Secretaria Estadual de Educação paulista, como o Prevenção Também se Ensina.
“Os programas têm diminuído muito os casos de bullying”, diz Jurema Reis Corrêa Panza, coordenadora do departamento de educação preventiva da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, ligada à secretaria.
Nem todos, porém, apostam em políticas públicas antibullying, como Arthur Fonseca Filho, do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. “O melhor é que cada escola resolva a situação”, afirma.

Depoimento
ANA PAULA FEITOSA
MÃE DE VÍTIMA DE BULLYING

“Ele me ligou na quinta-feira (há duas semanas) e contou que tinha feito uma brincadeira ‘verdade ou desafio’ e teve de lamber a privada. Eu perguntei a ele por que fez isso e ele disse: ‘Mãe, você não está entendendo, eles iam me fazer dançar a dança da galinha.’ Gritei tanto ao telefone, não acreditei e chorei muito.”

Definição do termo
‘Bullying’ é empregado para designar a agressão física ou psicológica entre colegas, que ocorre repetidas vezes, sem motivação concreta.