Este tema foi sugerido por uma mulher que acessou o blog e eu o achei muito interessante, pois traz uma situação que é difícil para a maioria de nós mulheres compreender como isto é possível ou até se é possível. Eu penso que isto é possível sim, somente é necessário que se compreenda o que é ser uma boa esposa e o que é ser uma boa amante. |
Nesta época cabia a mulher aceitar este comportamento masculino como normal, nem tendo o direito de discuti-lo, apenas aceitá-lo e fazer de conta que nada sabiam. O homem desta época separava os sentimentos em relação à esposa, pois também tinha a crença de que esta era para ser respeitada como a mãe ou futura mãe dos filhos. Havia uma idéia de que as esposas eram “intocáveis” devendo cumprir suas obrigações sexuais apenas no papel de “esposa quase que santificada”.
A mulher era educada para assim se comportar e nessa época tinha pouco esclarecimento sobre o que realmente significava um relacionamento íntimo sexual, e o verdadeiro sentido do casamento e do companheirismo. A maioria se casava bem jovem sem se quer saber sobre sexo, descobrindo-o através do próprio casamento na maioria das vezes na noite de núpcias.
O tempo passou, as mulheres mudaram e os homens também, porém algumas coisas ficaram desse passado principalmente as dificuldades em relação à sexualidade feminina, assunto que ainda é queixa tanto das mulheres quanto dos homens que hoje buscam em suas companheiras “a esposa e a amante”.
Porém como dar conta das duas coisas ao mesmo tempo? Será que há espaço para isto? Como ser esposa atenciosa, mãe cuidadosa, uma boa profissional, boa dona de casa e ainda boa amante? Para responder a isto é necessário se levar em conta o grau de exigência da mulher ou do homem em relação a isto, as crenças e aos valores envolvidos nesta questão.
Existe por exemplo a crença de que a amante é aquela que está sempre disponível para um relacionamento sexual, pois ela está ali somente para isto. É a mulher-gueixa, que cuida de seu homem, de seu bem estar físico, ouve suas queixas, compreende seus desabafos, está sempre pronta para tudo, até para adormecê-lo se for o caso e recebe sempre o melhor dele.
Se você esposa, cheia de compromissos e ocupações com milhares de coisas durante o dia e semanas sem fim pensar desta forma, você nunca será uma amante de seu marido, pois jamais terá espaço na sua vida para cumprir este papel de acordo com esta visão. Se por outro lado você pensar que ser a esposa é somente receber o pior de todo o relacionamento, também não dará certo. Penso que a solução é ajustar as expectativas e buscar uma consciência que reúna a esposa dedicada com a boa amante.
Há ainda a crença da amante ser aquela que sente e dá o prazer sexual sempre numa mesma intensidade, ou seja na intensidade da paixão. Porém, num relacionamento, mesmo a intensidade do prazer sexual vai mudando com o passar do tempo, sem esquecer que o sexo é em elo com o amor. Tudo na natureza é em constante mutação, por isto não se pode alimentar a crença de que para ser uma boa amante é necessário manter o desejo sexual lá no alto e sempre do mesmo jeito.
É necessário que a mulher compreenda que necessita abrir um espaço para a relação íntima e que isto não depende somente da mulher, depende de seu companheiro também. É importante você se auto-observar em relação a suas crenças sobre este assunto, pois você pode ter conflitos internos em relação ao seu comportamento sexual, se parecerá vulgar ou não, se bloqueando em relação a sua expressão. É importante também, que você seja bem resolvida com você mesma em relação a isto, pois há mulheres que não aceitam que o relacionamento sexual pode mudar e que as necessidades sexuais acompanham o ritmo do nosso dia-a-dia; portanto, não dá para ser a boa amante o tempo inteiro, pois haverá momentos em que a boa esposa é que estará no comando.
É necessário, contudo reunir a boa esposa e a boa amante e não separá-las como se uma fosse antagônica à outra, ou impossível de ambas conviverem em harmonia. Penso que o conflito se encontra nos valores sobre o comportamento sexual feminino e a própria sexualidade feminina, ou seja, a individualidade da sexualidade de cada mulher. O importante é você ser verdadeira tanto como esposa quanto como amante e desconstrua as fantasias que tanto incentivam as ilusões sexuais, pois cada ser mulher em sua individualidade é um universo a ser descoberto, bem como cada casal.
Nunca faça nada que vá contra seus princípios e valores essenciais; não exija de si o que você não consegue dar; se acha que as coisas não andam bem, procure ajuda de um bom profissional. Transforme a crença de que a boa esposa não combina com a boa amante. Seja feliz e se realize.
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