TEXTO: Gênesis 24:63-67
1. INTRODUÇÃO
A visão é de grande importância para a  vida em todos os sentidos. Tanto a visão exterior quanto a visão interior, faz  com que a vida seja contemplada com mais beleza e precisão.
Também a visão é importante no  relacionamento matrimonial.
Qual deve ser a visão do casal que se une  pelo matrimônio? 
Qual deve ser a visão do esposo e da  esposa? 
A visão que os cônjuges têm deve  focalizar que direção, que horizonte, que prisma?
Estas são questões fundamentais para a  vida de vocês.
Ainda sobre a visão, vocês sabiam que a  visão humana é a visão mais ampla, mais precisa e mais completa de nosso  Planeta? A visão humana é de 180º (graus).
Agora quando o homem corre a uma  velocidade de 30 ou 40 quilômetros por hora, esta visão de 180º é reduzida para  90º. Em uma velocidade de 80 a 100 quilômetros por hora, a visão atinge  aproximadamente 40º.
Já viram aqueles carros de fórmula 1?  Sabiam que eles atingem uma velocidade de 300 KM/Hora? Um piloto de fórmula 1,  quando está dentro de seu copit, ele só consegue ver 7º do que está à sua  frente.
Por que estou dizendo isso a vocês?  Porque o segredo para deslumbrar a felicidade no casamento não é correr.  Correr não é o modo certo para ter a visão certa do casamento feliz. Na vida  conjugal quanto mais se corre, menos se consegue ver o outro, os sentimentos do  outro, as necessidades do outro; quanto mais se corre, menos se consegue ver o  que torna o casamento feliz.
Por causa de uma vida agitada, frenética  e acelerada muitos casais perdem a capacidade de enxergar-se com os olhos do  coração. 
2. ISAQUE E REBECA – UMA MARAVILHOSA  TROCA DE OLHARES
O casamento de Isaque e Rebeca mostra a  importância da visão numa relação conjugal.
Observem que o primeiro contato que eles  tiveram foi marcado pela visão que um tem do outro. O texto diz: “Saíra Isaque  ao campo à tarde para meditar: e levantando os olhos, viu, e eis que vinham  camelos. Rebeca, também levantou os olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo”  (v. 63-64).
Nesse primeiro momento tanto Isaque  quanto Rebeca enxergaram-se com os olhos humanos. Mas aquele momento mágico teve  algo muito mais profundo do que propriamente um simples contato visual.  Aconteceram muitas implicações quando eles se olharam. Surgiram ações e reações  concretas a partir da visão que tiveram um do outro.
Essa troca sutil de olhares, no primeiro  momento de uma relação amorosa e até conjugal, nos ensina que o casamento é essa  capacidade de enxergar um ao outro. Enquanto o marido e a mulher forem capazes  de ver o outro, existirá casamento. No dia em que eles perderem essa capacidade  ficarão cegos e então, o casamento deixará de existir.
Isaque e Rebeca se olharam e a visão de  ambos resultou implicações poderosas em seu destino. Quais são as maravilhosas  implicações que vocês poderão ter a partir do momento em que começarem a se ver  com os olhos do coração?
1)                      –  Quando Enxergarem com os Olhos do Coração Haverá um Verdadeiro  Encontro
Quando Rebeca levantou os olhos e viu a  Isaque, ela pergunta: “Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso  encontro?”
Rebeca viu uma silhueta no horizonte e  Isaque vem ao seu encontro. Seu olhar se focaliza em sua direção. É como se  naquele momento os olhos de ambos estivessem fazendo uma aliança. Como se os  olhares deles traduzissem toda a intenção de compromisso. Seus olhos não apenas  encontraram um ao outro, mas encontraram o desejo de pertencerem um ao outro.  
Existe uma lei inexorável dentro da  relação conjugal que a história deste casal nos mostra. É mais que uma lei; é  uma equação conjugal – Visão = Encontro. 
Todas às vezes que sondamos o coração do  nosso cônjuge, que buscamos enxergar as profundezas de suas entranhas  emocionais, que nos preocupamos em ver o que está por trás da lágrima derramada,  do sorriso pálido, do rosto triste, todas às vezes que nos olhamos com os olhos  do coração vivemos um real e autêntico encontro.
Muito cuidado com as ilusões no  casamento. Muitas situações surgirão para minar esses momentos satisfatórios de  encontro. Pode ser o fator tempo, ou o trabalho, ou o lazer, ou até mesmo a  criação dos filhos. Embora estas situações sejam naturais na vida, mas elas  precisam ser conduzidas adequadamente dentro de uma atmosfera de  encontro.
E estes encontros não devem ser apenas  superficiais. Ou seja, não me refiro aos encontros que vocês terão à mesa por  ocasião das refeições, ou aqueles que se darão no quarto, na cama quando se  recolherem para dormir ou passarem momentos íntimos e cheios de prazer, nem  muito menos aqueles momentos em que estiverem em público, compromissos sociais,  recreação ou lazer. Estes momentos de encontros são importantes, mas não são  tudo. Antes deles deve haver o momento para a devoção, o momento para Deus, o  momento para a vida espiritual de vocês.
2)                      –  Enxergar o Cônjuge com os Olhos do Coração Produzirá Mudança de  Posição
Rebeca “soltou do camelo e então tomou o  véu e se cobriu”.
A viagem foi longa. Rebeca passou a maior  parte do tempo montada no camelo e em uma mesma posição.
Montada sobre o camelo ela possuía uma  visão das coisas ao seu redor. Mas algo a fez mudar de posição. A visão que ela  teve de Isaque a fez descer do camelo e, com isto, mudar de posição. E mais, ela  tomou o véu e se cobriu. Ela assumiu um novo visual, tomou uma nova forma de  apresentar-se.
O simples e maravilhoso fato de ver a  Isaque provocou em Rebeca mudanças.
Isaque também mudou de lugar quando viu  Rebeca; desceu do camelo e foi ao encontro dela; percorreu a distância que os  separava para encontra-la face a face.
Esta mudança de posição e uma lei  conjugal à qual todos os casais da Terra estão submetidos: quando vemos de  verdade o nosso cônjuge mudamos de posição.
Vocês estão dispostos a mudar? Estão  preparados para mudar? Veja bem eu não estou me referindo aqui a mudança de  personalidade. Estou me referindo a mudança de posição, de atitudes.   
No casamento não mudamos apenas quando  olhamos para nós, mas a visão do outro provoca em nós mudanças que necessitamos.  Ninguém pode ser bom somente olhando para si. É a visão do outro que nos faz  mudar de atitude.
Esta mudança não é unilateral, e muito  menos promovida por um ato de imposição. O cônjuge não deve mudar sozinho e nem  deve ser obrigado a fazer isso. Esta mudança é recíproca e deve ser voluntária.  Ela deve ser motivada pelo amor que um sente pelo outro. 
3)                       Enxergar o Cônjuge com os Olhos do Coração Produzirá Intimidade na  Relação do Casal.
“...[Isaque] trouxe Rebeca para a tenda de  Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por mulher; e ele a amou...”
Após o encontro e as mudanças de posição,  o olhar do coração conduziu Isaque e Rebeca à intimidade. O casal foi à tenda da  mãe de Isaque e ali se conheceram. Viveram a experiência de profunda intimidade  que se obtém quando dois corpos se completam.
Esta é a lógica da intimidade: somente  podemos tê-la no casamento quando de fato enxergarmos um ao outro com os olhos  do coração. Sim! Com os olhos do coração, pois o que é a intimidade senão o  encontro de íntimos, de interiores, de partes do nosso ser que somente nós  conhecemos?
A intimidade do coração só acontece  quando os segredos do coração e os mistérios da alma são percebidos pelo olhar.  Se o nosso coração estiver cego para o que se passa dentro da alma do nosso  cônjuge então não haverá intimidade.
É no dia-a-dia de um casamento onde se  percebe as nuances e sutilezas da alma de um ser humano. Mas também é no  casamento onde duas pessoas podem viver o paradoxo da existência, o de estearem  sempre juntas fisicamente, mas sempre separadas emocionalmente.
Quando o meu cônjuge é alguém em quem eu  ainda encontro absoluta abertura para partilhar os mais íntimos segredos então a  intimidade conjugal está em um bom nível. Todavia, quando cada vez mais me  distancio daquele\daquela com quem estou casado e não encontro abertura,  estímulo e nem liberdade para falar do que se passa no meu coração, então não  existe intimidade.
A intimidade no casamento somente será  possível à medida em que os cônjuges entenderem sua relação conjugal na  perspectiva de uma aliança, de um pacto. Toda aliança exige uma doação de ambas  as partes. Quando ambos estão dispostos a doar e compartilhar, as dores, as  aflições, as alegrias, os sonhos, os projetos, enfim, tudo quanto habita o  íntimo, então a relação conjugal será uma aliança de intimidade.
Isaque e Rebeca viveram não apenas uma  intimidade física, mas também viveram uma intimidade emocional. Eles não apenas  se tornaram uma só carne, mas se tornara um só coração. E o mais  importante disso tudo foi a capacidade de ver, o poder de visão  que ambos tiveram da vida de um do outro.
3. CONCLUSÃO
Eu Comecei o sermão falando que a visão do  homem têm 180º. Humanamente, esta é a visão mais precisa. Mas a visão mais  perfeita de todo o Universo é a visão de Deus. Ela têm 360º. Ela abarca todos os  horizontes, todos os cantos, todos os lugares de nossa vida.
Esta visão de Deus é descrita num texto  das Sagradas Escrituras: São Lucas 19:10 – “Por que o Filho do Homem veio buscar  e salvar o que se havia perdido”. Quando olha para este mundo, Deus o vê com  amor.
Esta visão de Deus se torna um desafio ao  meu casamento. É com amor que vocês devem se ver em cada situação da vida  matrimonial.
Deus não tem apenas capacidade de nos ver  com amor e de nos amar de fato, mas Ele também pode nos fazer ver o companheiro  com amor e amá-lo de verdade. 
A visão de Deus é tridimensional e ela  converge para a visão do homem, procurando dar mais luz e definição acerca da  vida. Deus não deseja nos deixar cegos quanto ao nosso projeto de vida  conjugal. Estejam sob a visão de Deus e vocês conseguirão se ver com os olhos do  coração!
Sempre me intrigou a expressão bíblica  que diz: “quem tem ouvidos para ouvir ouça”. Ninguém precisa dizer aos meus  ouvidos que eles existem para ouvir, não é verdade? Mas acontece que há muita  gente com ouvido somente no corpo mas não no coração. Gente capaz de escutar mas  sem ouvir. Gente que não consegue captar a essência das coisas. Por isso que  Jesus nos alerta sempre que os nosso ouvidos existem para ouvir.
Neste momento tão significativo para  vocês, não poderia deixar de parafrasear aa palavras de Jesus, e dizer-lhes:  “quem tem olhos para ver veja”. 
Veja com os olhos do coração as  carências, as dores, os sonhos, as dúvidas, os desejos, os afetos, os medos, os  complexos, as amarguras, as cicatrizes emocionais daquele e daquela com quem  você está casando.
Veja com os olhos do coração aquele a  quem você vai ver todos os dias com os olhos físicos. Pois um outro coração  somente pode ser visto pelo olhar que brota do fundo do seu coração. 

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