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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Grandes tragédias com mineiros que chocaram todo o país


Ciúme, insegurança, juventude e vaidade foram estopins para crimes bárbaros de repercussão nacional


Editoria de Arte
tragédias mineiras


O ídolo do time de maior torcida do país. Uma bela mulher eternizada como a Pantera de Minas. E um novo rosto nas novelas da televisão brasileira. Três mineiros vivendo no Rio de Janeiro, em diferentes décadas, imersos no universo do glamour e sob a mira dos flashes, foram protagonistas de tragédias recheadas de paixão, sangue e repercussão nacional. E, em alguns casos, com uma dose de muito mistério.

No sábado (4) fez um ano que a modelo Eliza Samúdio desapareceu envolvendo até o pescoço o goleiro Bruno, ex-Flamengo, numa trama macabra ainda longe de ter um desfecho; 2011 marca também os 35 anos da morte da socialite dos anos 70, Ângela Diniz (1944/1976); e no próximo ano, serão duas décadas do bárbaro assassinato da atriz Daniella Perez (1970/1992), que teve Guilherme de Pádua e sua mulher como acusados do crime.

Hoje, mesmo sem o entusiasmo dos torcedores rubro-negros, admiração dos fãs das telenovelas e status das colunas sociais, Bruno, Guilherme de Pádua e Ângela Diniz ainda são sempre lembrados e despertam comoção popular e interesse, inclusive da literatura. O livro “Paixão no banco dos réus”, da procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Luiza Nagib Eluf, será reeditado. O caso Bruno ganhará as páginas da obra que já conta a história de 15 crimes que chocaram o país, entre eles as mortes de Daniella Perez e Ângela Diniz.

O grande laço de união entre essas três histórias está no ciúme, juventude, insegurança e vaidade. Para Luiza Eluf, as mortes que chocaram a opinião pública são paixões que se transformaram em ódio. “Esses crimes, chamados de passionais, foram cometidos no momento em que um dos envolvidos é rejeitado. Os homens sempre quiseram mandar nas mulheres e, até por isso, se acham no direito de matá-las. Mas isso não é amor. O que leva à morte é o ódio”, afirma a procuradora, que vai lançar uma nova edição do livro após o julgamento de Bruno.

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Ritmo contagiante do Rio abalou os envolvidos

O cenário sedutor em ritmo contagiante do Rio de Janeiro também alardeou os mineiros. A psicanalista Soraya Hissa diz que muitas pessoas não têm estrutura emocional para lidar com a fama, dinheiro e exposição, característicos nos três casos. “O comportamento agressivo é comum em mentes doentias. Isso está na genética das pessoas. E o meio no qual ela vive influencia, diretamente, o despertar desta agressividade”, analisa a psicanalista.

Ela destaca as semelhanças entre a ascensão social de cada um dos envolvidos. Um era pobre e sonhava em ser jogador de futebol. Foi parar no time mais famoso do país. O outro, um jovem iniciando carreira nos palcos dos teatros de BH e que foi contracenar com artistas consagrados em pleno horário nobre da televisão. E, por último, a jovem que atraia olhares nas festas mineiras e aterrissou nas páginas dos jornais do Rio de Janeiro.

“O fascínio pela sociedade carioca era muito comum, principalmente nas décadas passadas. E nem todos conseguem lidar com essa exploração, pois a família mineira é tradiconalmente mais conservadora. No Rio, guardadas as devidas proporções, tudo é diferente. A liberdade é muito maior. Essas mudanças interferem diretamente no comportamento do ser humano”, aponta Soraya Hissa.

Troca de papéis


As tardes de domingo no estádio do Maracanã lotado, com assédio dos fãs, principalmente das mulheres, baladas e badalação não fazem mais parte da vida do goleiro Bruno Fernandes, obrigado a trocar o grito da torcida pelo silêncio de uma cela da penitenciaria Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

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O destino também pregou uma peça no ator mineiro Guilherme de Pádua. Depois de fazer sucesso nos palcos de Belo Horizonte, ele foi para o Rio tentar a carreira artística na televisão – para resumir, fazer novelas. Chegou a fazer duas e, no meio da segunda, seus sonhos de estrelato foram interrompidos a três dias do Réveillon de 1993, quando a sua colega de cena Daniella Perez foi assassinada com 18 golpes de tesoura.

Vinte anos após a morte da esposa, o ator Raul Gazolla se incomoda com o que ele chama de impunidade. “Saber que aqueles que mataram a Daniella estão livres, circulando entre as pessoas, é complicado. No Brasil, teríamos que ter a prisão perpétua para crimes como esse”, disse Raul Gazolla, que evita comparações entre os casos. “O Bruno e a Eliza, assim como o Doca Street e a Ângela, eram amantes. Já o Guilherme de Pádua não tinha envolvimento com a Daniella”, alega o ator.

Guilherme de Pádua evita falar do ocorrido. Está casado, mora em Belo Horizonte e trabalha em uma igreja evangélica. Diz ter uma vida totalmente voltada para o mundo cristão. “Sou uma pessoa que acorda cedo e trabalha muito. Através da fé, consegui traçar outros objetivos na minha vida”, limitou-se a dizer.

As festas dos anos 60 e 70, em Belo Horizonte, tinham mais charme com a presença da glamour girl Ângela Diniz, uma das jovens mais exuberantes da capital de Minas. Aos 21 anos, separou-se do marido e deixou para trás a tradicional família mineira, indo para o Rio de Janeiro, onde passou a ganhar olhares da mídia carioca.

Ficou conhecida como a Pantera de Minas e se envolveu com o então playboy paulista Raul Fernando do Amaral, o Doca Street, que era casado. A grande e perigosa paixão terminou no fim da tarde de 30 de dezembro de 1976, numa casa em Búzios (RJ). Foi assassinada com quatro tiros no rosto, disparados a queima-roupa.

Morando no Bairro Pinheiros, em São Paulo (SP), Doca Street, hoje com 77 anos, é um homem de poucas palavras. Ao ser questionado sobre o crime, ele é taxativo. “Tudo que tinha para falar deste assunto está no livro”, disse, durante uma conversa que não durou mais do que dez segundos ao telefone. A publicação da qual fala é a obra “Mea Culpa”, com 472 páginas, e detalhes do namoro que terminou de forma trágica.


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