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O especialista ressalta ainda que o ser humano precisa da aceitação do outro para se sentir melhor, uma vez que é carente de amor e elogio. "A maquiagem, o perfume, o salto alto, por exemplo, são artifícios para modificar a imagem que temos de nós mesmos", diz. "O mesmo acontece quando o assunto é o número de parceiras. Os homens, para se gabar, contabilizam mais mulheres do que realmente tiveram. Se eles conheceram duas, dizem 10. Já as mulheres são o contrário. Para não serem consideradas promíscuas, em vez de 10 contabilizam dois."
Mas como diz o ditado, a mentira pode sim ter perna curta. "Ela tem benefícios e malefícios. Confessar que a parceira está gorda pode ser positivo até determinado ponto. E quando ela para de funcionar traz muitas desvantagens. Uma mulher pode para de se relacionar com um rapaz se descobrir que ele a traiu", acredita Dr. Thiago.
Foi o que aconteceu com a enfermeira Ana Cecília, de 34 anos. Ela tentou lidar com as mentiras do namorado, mas como a confiança no rapaz chegou ao fim, o relacionamento ficou bastante comprometido. "Ele flertava com as ex-namoradas e, mesmo com as evidências, negava", conta.
Ana disse que brigou, chorou e pressionou o companheiro a dizer a verdade. E mesmo sem a confissão, decidiu manter o relacionamento, que já durava oito meses. "Só que a minha desconfiança não cessou e levou ao término do relacionamento em um ano e dois meses. Tentamos voltar, ele quis se justificar, mas não teve jeito", afirma.
Cada cabeça, uma sentença
Dentro de um relacionamento, verdade é sinônimo de fidelidade. Porém, segundo Dr. Thiago, é mais comum disfarçarmos nossas próprias imperfeições e cobrar uma boa conduta do outro. Afinal de contas, a mentira é boa para enganar a nós mesmos. "Quando dizemos que não traímos, quando na verdade traímos, estamos tentado diminuir nossa culpa, dizer que a gente comete apenas deslizes e que os erros dos outros são mais sérios."
Não existe um manual sobre como assimilar ou dizer uma mentira, mas o especialista acredita que o tempo de relacionamento pode interferir no jeito como o casal lida com ela. "O tempo ajuda sim a desenvolver a leitura do comportamento alheio. Em um determinado momento, um percebe que o outro está mentindo, mas não liga. Cada casal precisa definir seu jeito de lidar com isso", acredita Dr. Thiago.
Já no começo do namoro acontece o que o Dr. Thiago de Almeida define como a "fórmula do príncipe encantado". "Temos a tendência de melhorar a imagem do outro, enquanto o parceiro mostra o seu melhor. Com o aumento da familiaridade, passa-se a ter uma visão mais realista do outro e a mentira afeta cada vez menos a relação", explica. "Um exemplo típico é quando a mulher alega que está com dor de cabeça para não fazer sexo. É uma mentira politicamente correta, pois é mais fácil falar isso do que dizer que está com sono, deixando o parceiro chateado. Ele acaba aceitando a desculpa para não criar uma situação ruim", afirma.
O outro lado da traição
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Em 2005, o adultério deixou de ser crime no Brasil. Mas, dependendo do tamanho do estrago emocional, a vítima pode processar quem a magoou. "O traído pode entrar com uma ação por danos morais se ele conseguir comprovar que o descumprimento do dever do casamento e do dever de fidelidade gerou um dano significativo", diz a advogada.
O problema é que, como a culpa precisa ser comprovada - e a Constituição veda a violação da privacidade -, a justiça acaba não muito receptiva à essa modalidade de separação, litigiosa. "Se algum dos cônjuges estiver realmente determinado a obter algum tipo de compensação pelo dano sofrido, deve pleiteá-la no Judiciário", explica Samantha. Mas na maior parte dos casos, como ela bem lembra, o que as pessoas buscam é o resgate de sua sensação de autovalia. "E isso, o Judiciário não vai proporcionar. A mediação de conflitos mostra-se bem mais adequada, efetiva e oportuna nesses contextos", sugere.
A blogueira e jornalista Celamar Maione arrumou um jeito diferente de se "vingar". Aproveitou o talento com as palavras para contar as mentiras e traições do ex num blog. "Não era uma vingança, queria apenas acalmar meus sentimentos. Acho que na época era, simbolicamente, uma forma de não deixar a relação morrer", conta ela, que assina o blog MeuQueridoAmigoCafa (meuqueridoamigocafa.blogspot.com) há um ano.
"Contar a minha história com ele me ajudou a superar a dor", conta. Celamar nunca cogitou o medo de ser processada pelo ex por conta da exposição. "O mal que ele tinha pra fazer, já me fez. E eu nem cito o nome dele no blog, não tem como ele me processar. Além disso, sempre tomei cuidado para não expô-lo e sei até onde posso escrever.
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