Páginas

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mentiras e omissões no relacionament

Mentiras e omissões minimizam crises de relacionam
O ser humano mente desde criança, seja para manter sua autoestima ou para que os outros tenham uma boa imagem dele. Mas será que esta atitude combina com relacionamentos amorosos? Para muitos casais, a verdade é requisito básico para manter a união. Entretanto, psiquiatras e terapeutas alegam que levar essa tal verdade ao pé da letra pode magoar o parceiro e dar início a crises que nem sempre são fáceis de serem contornadas.
Publicidade
Na opinião do Dr. Thiago de Almeida, psicólogo especialista no tratamento das dificuldades nos relacionamentos amorosos, nenhum casal está imune à mentira. "Mentimos para que o nosso parceiro não sofra. Não estamos preparados para conflitos e discussões e nem para ouvir 100% da verdade. É melhor dizer para a atual parceira que você não tem mais contato com a ex, por exemplo, para não comprometer a relação", comenta. "O ser humano prefere ouvir uma mentira a uma verdade que lhe possa ser desagradável."
O especialista ressalta ainda que o ser humano precisa da aceitação do outro para se sentir melhor, uma vez que é carente de amor e elogio. "A maquiagem, o perfume, o salto alto, por exemplo, são artifícios para modificar a imagem que temos de nós mesmos", diz. "O mesmo acontece quando o assunto é o número de parceiras. Os homens, para se gabar, contabilizam mais mulheres do que realmente tiveram. Se eles conheceram duas, dizem 10. Já as mulheres são o contrário. Para não serem consideradas promíscuas, em vez de 10 contabilizam dois."
Mas como diz o ditado, a mentira pode sim ter perna curta. "Ela tem benefícios e malefícios. Confessar que a parceira está gorda pode ser positivo até determinado ponto. E quando ela para de funcionar traz muitas desvantagens. Uma mulher pode para de se relacionar com um rapaz se descobrir que ele a traiu", acredita Dr. Thiago.
Foi o que aconteceu com a enfermeira Ana Cecília, de 34 anos. Ela tentou lidar com as mentiras do namorado, mas como a confiança no rapaz chegou ao fim, o relacionamento ficou bastante comprometido. "Ele flertava com as ex-namoradas e, mesmo com as evidências, negava", conta.
Ana disse que brigou, chorou e pressionou o companheiro a dizer a verdade. E mesmo sem a confissão, decidiu manter o relacionamento, que já durava oito meses. "Só que a minha desconfiança não cessou e levou ao término do relacionamento em um ano e dois meses. Tentamos voltar, ele quis se justificar, mas não teve jeito", afirma.
Cada cabeça, uma sentença
Dentro de um relacionamento, verdade é sinônimo de fidelidade. Porém, segundo Dr. Thiago, é mais comum disfarçarmos nossas próprias imperfeições e cobrar uma boa conduta do outro. Afinal de contas, a mentira é boa para enganar a nós mesmos. "Quando dizemos que não traímos, quando na verdade traímos, estamos tentado diminuir nossa culpa, dizer que a gente comete apenas deslizes e que os erros dos outros são mais sérios."
Não existe um manual sobre como assimilar ou dizer uma mentira, mas o especialista acredita que o tempo de relacionamento pode interferir no jeito como o casal lida com ela. "O tempo ajuda sim a desenvolver a leitura do comportamento alheio. Em um determinado momento, um percebe que o outro está mentindo, mas não liga. Cada casal precisa definir seu jeito de lidar com isso", acredita Dr. Thiago.
Já no começo do namoro acontece o que o Dr. Thiago de Almeida define como a "fórmula do príncipe encantado". "Temos a tendência de melhorar a imagem do outro, enquanto o parceiro mostra o seu melhor. Com o aumento da familiaridade, passa-se a ter uma visão mais realista do outro e a mentira afeta cada vez menos a relação", explica. "Um exemplo típico é quando a mulher alega que está com dor de cabeça para não fazer sexo. É uma mentira politicamente correta, pois é mais fácil falar isso do que dizer que está com sono, deixando o parceiro chateado. Ele acaba aceitando a desculpa para não criar uma situação ruim", afirma.

O outro lado da traição


O outro lado da traição
Não dá pra negar, a traição destrói. E sem força para juntar os caquinhos do coração partido, muita gente cai numa fossa sem fim, numa depressão cinza.
Publicidade
Mas tem gente que transforma a raiva em energia para elaborar as piores vinganças contra aquele que deixou tudo em pedaços. Mas o melhor, mesmo que a vontade de tripudiar sobre o outro seja gigantesca, é respirar fundo. A vingança pode virar motivo de processo na justiça - e você acabar pagando, mais uma vez. "Se a pessoa intencionalmente destrói algo que é de outra, ela pode responder pelo crime de dano", explica a advogada Samantha Pelajo, do Rio de Janeiro. "A melhor alternativa é sempre considerar que aquele relacionamento deixou de ser funcional, razão pela qual deve ser desfeito para que outras experiências mais positivas possam ser vivenciadas".
Em 2005, o adultério deixou de ser crime no Brasil. Mas, dependendo do tamanho do estrago emocional, a vítima pode processar quem a magoou. "O traído pode entrar com uma ação por danos morais se ele conseguir comprovar que o descumprimento do dever do casamento e do dever de fidelidade gerou um dano significativo", diz a advogada.
O problema é que, como a culpa precisa ser comprovada - e a Constituição veda a violação da privacidade -, a justiça acaba não muito receptiva à essa modalidade de separação, litigiosa. "Se algum dos cônjuges estiver realmente determinado a obter algum tipo de compensação pelo dano sofrido, deve pleiteá-la no Judiciário", explica Samantha. Mas na maior parte dos casos, como ela bem lembra, o que as pessoas buscam é o resgate de sua sensação de autovalia. "E isso, o Judiciário não vai proporcionar. A mediação de conflitos mostra-se bem mais adequada, efetiva e oportuna nesses contextos", sugere.
A blogueira e jornalista Celamar Maione arrumou um jeito diferente de se "vingar". Aproveitou o talento com as palavras para contar as mentiras e traições do ex num blog. "Não era uma vingança, queria apenas acalmar meus sentimentos. Acho que na época era, simbolicamente, uma forma de não deixar a relação morrer", conta ela, que assina o blog MeuQueridoAmigoCafa (meuqueridoamigocafa.blogspot.com) há um ano.
"Contar a minha história com ele me ajudou a superar a dor", conta. Celamar nunca cogitou o medo de ser processada pelo ex por conta da exposição. "O mal que ele tinha pra fazer, já me fez. E eu nem cito o nome dele no blog, não tem como ele me processar. Além disso, sempre tomei cuidado para não expô-lo e sei até onde posso escrever.

Nenhum comentário:

Postar um comentário