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sábado, 30 de julho de 2011

"Contos de amor rasgados"

Nunca tiveram muito a se dizer
Não se falavam. Desde a noite de núpcias, quando olhando o corpo recém-possuído ele se expressara de forma pouco nobre, ela deixara de lhe dirigir a palavra.
Em silêncio, sem que jamais um se dirigisse ao outro, viveram juntos 50 anos. Data em que seus filhos, netos, noras e genros organizaram grande festa comemorativa, reunidos todos para enaltecer os patriarcas. Erguia-se justamente o brinde, de pé a família ao redor da grande mesa, quando pela primeira vez, em voz alta e clara, ela o chamou pelo nome.
Como uma bala, como uma faca, a palavra enterrou-se no peito do homem, abrindo dupla ferida. Pois embora sendo seu nome, pronunciado por aquela boca não o representava, a ele que nunca mais dera à mulher o direito de nomeá-lo. Assim ela o desrespeitava frente à descendência.
Pálido, apoiou-se com as mãos espalmadas sobre o tampo de mármore, e num impulso assassino revidou, sibilando entre dentes o nome da mulher. Ela cambaleou, levou a mão à boca como quem ampara uma golfada de sangue. Mas já a família batia palmas, e a sala toda estremecia ao som do coral doméstico que entoava Parabéns Pra Vocês.

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Filosofia barata

“Vida quer dizer arriscar-se à morte.
Fúria de viver quer dizer viver a dificuldade...”
e enfrentar o medo!

A alegria era imensa e fez-me sentir a proximidade da morte. Porque eu sabia que não é possível ser feliz neste mundo (e felicidade demais só pode ser anúncio de mau agouro).
Por medo da morte, adiei a felicidade, como a lua que se definha depois da completude e fica aguardando a hora de encher-se de novo.

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