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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Por que nós choramos?

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As causas "emocionais" para o choro são várias: para aliviar tensões e desabafar, porque somos empáticos, por compaixão, quando sentimos dor, para chamar a atenção e até mesmo por felicidade. Mas o certo é que não se conhecem exatamente as causas pelas quais o chorar desempenha esta função. Suspeita-se que se trate de um modelo aprendido, isto é, quando as circunstâncias que envolvem este modelo se repetem, o cérebro enviaria a ordem para chorar e o mecanismo se ativaria.
De fato, o homem parece ser o único animal que chora quando se emociona. Isto tem dado margem para que alguns cientistas classifiquem as lágrimas em "causadas por irritação" e "emocionais", ainda que sua produção e composição sigam o mesmo mecanismo fisiológico, e elas sejam distintas apenas por suas causas. Cabe dizer também que algumas emoções, como o riso muito forte, podem fazer com que fechemos os olhos pressionando-os, o que provoca a liberação de lágrimas. Esta, portanto, não seria uma ordem direta do cérebro.
O que se sabe com segurança é que as lágrimas cumprem a importante função fisiológica de proteger os olhos. Nossas lágrimas atuam como lubrificantes, evitando que o globo ocular se resseque, como anti-séptico – já que o sal que contêm é um ótimo desinfetante – e também ajudam a retirar qualquer tipo de impureza que possa vir a se instalar em nossos olhos. Este funcional sistema lacrimal é composto pelas glândulas lacrimais (que produzem o fluído da lágrima) e condutores excretores lacrimais (que segregam as lágrimas cada vez que fechamos os olhos).
CHORO
Todo mundo conhece pelo menos uma pessoa que já recebeu apelidos engraçadinhos ou até chatos por ser emotivo e se afundar em lágrimas por motivos considerados bobos. Você mesmo pode ser um manteiga derretida. Saiba que não há nada de errado em se emocionar assistindo à propaganda na televisão ou até mesmo aos filmes de comédia. Você tem facilidade para o choro porque simplesmente se coloca no lugar do personagem do filme, da novela, ou capta aquela sensação emotiva a ser transmitida.
“Certas pessoas têm mais facilidade para o choro”, esclarece a psicóloga de Joinville Cleonice de Andrade. ”Não é a situação que determina uma emoção, e sim a forma como a interpretamos. Ou seja, são nossos pensamentos que geram nossas emoções. Quanto mais vulneráveis estiverem as pessoas, mais facilidade terão de chorar” diz.
Mesmo assim, esta tendência à vulnerabilidade é hereditária, afirma Cleonice.
“Quanto maior a vulnerabilidade de um indivíduo, maior será a probabilidade de haver interpretações com tendências emotivas da realidade que vive. Essas pessoas que choram com facilidade veem a realidade de forma emotiva com maior frequência que outras pessoas”.
A psicóloga ensina que, nos seres humanos, o choro serve para três propósitos: lavar os olhos, reduzir o estresse e expressar emoções. “Mas o propósito primordial do choro é estimular sentimentos de afeto e proteção” diz.
“Uma criança, por exemplo, chora como forma de comunicação, ela pode estar precisando de cuidados ou apenas querendo a atenção dos pais, para se sentir envolvida. Mas este comportamento pode estender-se até a idade adulta”, observa Cleonice.
lagrimas
Nas brigas entre casais, na família e até mesmo no trabalho, é fácil de constatar que as mulheres são as primeiras a chorar e a serem taxadas como o lado mais fraco da corda.
“As mulheres tem as glândulas lacrimais mais ativas que os homens. Eles não costumam chorar em público, isso ocorre porque no processo evolutivo, o homem que demonstra emoções, principalmente na frente dos outros, coloca-se em situação de risco. Ou seja, o choro é visto como fraqueza e, ao se transmitir fraqueza, ele encoraja outros homens a atacá-los – detalha.
Cleonice garante que quem chora também expressa recados da mente.
As pessoas choram a partir do momento que se concentram em seus pensamentos diários e têm consciência deles. Por exemplo: quando um indivíduo percebe um pensamento negativo que transmite tristeza, o resultado pode ser o choro. Enquanto chora, um indivíduo excreta substâncias químicas geradas pelo estresse, sinalizando aflição em situações emocionalmente carregadas.
Aprendemos, desde crianças, que chorar é feio, é sinal de fraqueza e que segurar as lágrimas demonstra autocontrole e força, o que é muito bem visto pela sociedade. Mas chorar, muitas vezes, funciona como um excelente calmante.
“Se lembrarmos de como nos sentimos após o choro, podemos perceber que ficamos bem melhores emocionalmente”, conta Cleonice.
“Na psicologia e psiquiatria, quando se observa que um indivíduo já não é mais capaz de chorar, é visto com maior atenção, pois pode ser um sinal de grave depressão. Quando uma pessoa está muito deprimida, tem o choro bloqueado. Chorar faz bem. Não tem nada de errado e vergonhoso em chorar”, avalia.
Mesmo assim, exageros nunca são saudáveis. Se uma pessoa chora quase o tempo todo ou a maior parte do tempo, seria bem interessante fazer uma visita a um especialista. Mas chorar com filmes, novela e até com propagandas que puxem pelo emocional não tem nada de errado, fora a possibilidade de ganhar apelidos engraçadinhos e que os outros façam piadas àquele que cede ao nó na garganta.
Por que choramos ao descascar cebolas?
chora_cebolaA resposta é química. As cebolas contêm um composto chamado trans-(+)-S-(1-propenil)-L-cisteina sulfóxido, uma molécula que é inodora. Quando cortamos o condimento, produzimos rupturas celulares que permitem a uma enzima chamada alinasa entrar em contato com a molécula anterior. Esta interação produz piruvato, amoníaco e syn-propanotial-S-óxido. É esta última que, em contato com os olhos e a água, produz a irritação ocular. Os olhos se protegem então estimulando as glândulas lacrimais e derramando lágrimas que lavam o olho, como se fosse um colírio natural.
Assim para evitar o famoso choro da cebola basta lavá-la bem. Com isto estamos dissolvendo o propanotial antes que ele chegue aos olhos.
Curiosidade: um ser humano chora cerca de 250 mil vezes ao longo da vida.

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