sexta-feira, 22 de outubro de 2010 Leave a Comment
Não sou a maior especialista em filmes, assisto poucos quando gostaria de assistir mais, mas de todo modo, adoro cinema nacional. De todos que já foram feitos, assisti poucos, mas posso afirmar que estou satisfeita com a qualidade da maioria. Mas ontem, ao sair do cinema após assistir "Tropa de Elite 2", fiquei sem palavras. O filme não só superava minhas expectativas como todos os outros filmes nacionais que vi. Além disso, é superior a diversos filmes internacionais de ação que já vi - se não disser que a todos (já comentei que adoro 'filme de menino'?). Aliás, acho um crime quem classifica esse filme apenas como "ação". Tropa de Elite 2 tem, além de cenas de ação que já se tornaram específicas do cinema nacional, uma crítica política fortíssima.
É difícil falar de um filme que se gosta muito, mas vou tentar expor tudo que achei, as ligações que encontrei, as observações e ainda assim, vai faltar palavras para definir um filme que foi aplaudido de pé no final.
É difícil falar de um filme que se gosta muito, mas vou tentar expor tudo que achei, as ligações que encontrei, as observações e ainda assim, vai faltar palavras para definir um filme que foi aplaudido de pé no final.
Sei que diversas pessoas são preconceituosas com o cinema nacional exatamente por mostrar muitas vezes o "lado ruim" do país. Mas, até mesmo esses irão se render ao assistir "Tropa de Elite 2".
Uma nova ótica sobre o surgimento das milícias na cidade do Rio de Janeiro é apresentada nesse filme, com diversas "coincidências" com fatos reais. O fato que ocorre com a jornalista no filme, por exemplo, foi inspirado no triste episódio que ocorreu com jornalistas do Jornal O Dia em 2008.
Há um personagem no filme que claramente foi inspirado em Wagner Montes, apresentador do programa "Balanço Geral" e deputado estadual do Rio de Janeiro (o que me deixou com uma pulga atrás da orelha, mas isso é outra história). O personagem Fraga é inspirado no deputado Marcelo Freixo do PSOL, militante dos direitos humanos e professor - que presidiu a CPI que prendeu diversos milicianos, que só foi aberta em 2008 após a tortura dos jornalistas d'O Dia.
O filme é um retrato político e social não apenas da cidade ou estado do Rio de Janeiro, mas da política de nosso país - e tristemente também da nossa polícia, que em certos casos nos dá apenas a falsa sensação de proteção e liberdade, quando na verdade, estão dando o contrário.
O primeiro filme foi responsável por criar bordões. É impossível alguém nunca ter ouvido "Pede pra sair” ou "O senhor é um fanfarrão". Após "Tropa de Elite 2", é bem provável que frases como "Tá de pomba-girice comigo?" e "Quer me f****? Me beija" virem as novas frases mais faladas do país - tem muita gente por aí que já aderiu ao vocabulário, né Renata? (haha!)
As cenas de ação são mais cruéis na minha opinião. A corrupção da polícia é mais clara ainda. E ao mesmo tempo que você quer rir, você fica estupefato - como na cena da morte do chefe da ADA na rebelião em Bangu I no início do filme. Aliás, em 2002, o líder do ADA foi realmente morto em Bangu I por Fernandinho Beira-Mar.
A atuação de Wagner Moura dispensa comentários (além do quê, ficou tão bonito de terno e cabelo grisalho quanto com a farda preta do BOPE). E o roteiro de José Padilha e Bráulio Mantovani não deixa dúvidas de quem é o inimigo do subtítulo.
No final, o filme me deixou refletindo se realmente há um vilão nisso tudo: se são os milicianos, a polícia corrupta, os políticos, a mídia, a população que acata ou todos nós que não valorizamos o voto que colocamos nas urnas. As eleições para deputado já acabaram, mas o segundo turno da presidência está aí. Pense e reflita sobre seu voto, porque a culpa não é só deles, e sim de todo mundo.
O livro "Elite da Tropa 2" (O 1 é excelente!) foi lançado junto com o filme pela Nova Fronteira e conta o que o filme não contou. Ele é escrito por André Batista, Rodrigo Pimentel, Luís Eduardo Soares e Cláudio Ferraz, o último sendo o único a não ter colaborado na escrita do primeiro volume, Elite da Tropa 1.
Mal posso esperar para ler a história, porque eu realmente fiquei fascinada com o primeiro livro - desde a história até a forma como foi escrito.
E pra você que ainda não viu, deixo vocês com o trailer desse filme que bateu recorde de bilheterias e conseguiu superar o primeiro.
As cenas de ação são mais cruéis na minha opinião. A corrupção da polícia é mais clara ainda. E ao mesmo tempo que você quer rir, você fica estupefato - como na cena da morte do chefe da ADA na rebelião em Bangu I no início do filme. Aliás, em 2002, o líder do ADA foi realmente morto em Bangu I por Fernandinho Beira-Mar.
A atuação de Wagner Moura dispensa comentários (além do quê, ficou tão bonito de terno e cabelo grisalho quanto com a farda preta do BOPE). E o roteiro de José Padilha e Bráulio Mantovani não deixa dúvidas de quem é o inimigo do subtítulo.
No final, o filme me deixou refletindo se realmente há um vilão nisso tudo: se são os milicianos, a polícia corrupta, os políticos, a mídia, a população que acata ou todos nós que não valorizamos o voto que colocamos nas urnas. As eleições para deputado já acabaram, mas o segundo turno da presidência está aí. Pense e reflita sobre seu voto, porque a culpa não é só deles, e sim de todo mundo.
O livro "Elite da Tropa 2" (O 1 é excelente!) foi lançado junto com o filme pela Nova Fronteira e conta o que o filme não contou. Ele é escrito por André Batista, Rodrigo Pimentel, Luís Eduardo Soares e Cláudio Ferraz, o último sendo o único a não ter colaborado na escrita do primeiro volume, Elite da Tropa 1.
Mal posso esperar para ler a história, porque eu realmente fiquei fascinada com o primeiro livro - desde a história até a forma como foi escrito.
E pra você que ainda não viu, deixo vocês com o trailer desse filme que bateu recorde de bilheterias e conseguiu superar o primeiro.
OBS: o post ficou cheio de links externos, mas são umas coisas legais pra se "aprender" pra quem "esqueceu" ou não conhecia muito bem por ser de fora do Rio.
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