Em sua primeira semana no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff (foto) mandou tirar do seu gabinete a Bíblia e o crucifixo, o que, talvez, tenha sido a primeira vez que isso ali acorre.
Esse gesto pode ter várias interpretações, entre as quais a sinalização de que ela não aceitará em seu governo a ingerência de religiões e religiosos. O que não houve em sua campanha eleitoral, quando teve de se aproximar de líderes evangélicos e católicos para tentar convencê-los de que não vai se empenhar para a legalização do aborto.
Durante o vale-tudo da campanha, evangélicos acusaram Dilma de ser ateia, o que ela nunca admitiu. Mas com certeza mudou o seu senso de religiosidade, ao menos de boca para fora, para não perder parte dos votos que herdou do Lula.
Em 2007, em entrevista à Folha de S.Paulo, ela afirmou ter ficado “durante muito tempo meio descrente”. Em abril de 2010, já em campanha, lembrou ter sido criada no catolicismo e que acreditava em uma força superior. “Estudei em colégio de freira. Sou católica.”
Em um dos seus discursos de posse, Dilma reafirmou o compromisso com a liberdade religiosa, o que seria desnecessário dizer, porque está previsto na Constituição.
A rigor, independente da crença ou descrença de Dilma, a Bíblia, o crucifixo e demais símbolos religiosos deveriam ser retirados não só do gabinete presidencial, mas de todas as repartições públicas, porque o Estado é laico. Também está na Constituição.
ERA DO LULA - atualização às 18h
Em post publicado às 14h54 de hoje, o blog do planalto afirmou que o crucifixo de origem portuguesa foi retirado do gabinete presidencial porque é um presente que o ex-presidente Lula recebeu de um artista no início do governo dele. Sobre a Bíblia, ela continua no mesmo lugar, diz o blog, em uma mesa na contígua ao gabinete, "onde a presidente já encontrou ao chegar ao Palácio do Planalto".
são equivocados. Não tem ordem constitucional nenhuma de se retirar simbolos religiosos. A presença deles em qualquer lugar não afronta a ninguém. Isso é bravata. Só existe, na Constituição, a obrigação do Estado brasileiro de não estabelecer ou patrocinar cultos religiosos, o que não é o caso. A presença de um crucifixo na parede do escritório de determinado servidor público não significa que o Estado adota determinado credo religioso.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/856996-biblia-e-crucifixo-sao-retirados-do-gabinete-de-dilma-no-planalto.shtml
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