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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os 15 Anos Interrompidos pela Homofobia



Se não fosse pela homofobia, Alexandre Ivo, que foi espancado, torturado e morto por três homens em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, estaria em festa. O adolescente completaria 15 anos no dia 30 de novembro, tinha toda vida pela frente, com sonhos, anseios e desejos, interrompidos em nome de uma doença chamada homofobia. Alexandre era ligado ao Grupo LGBT Atitude e voluntário da Parada LGBT de São Gonçalo. No laudo consta que ele foi morto por asfixia mecânica; enforcamento com sua própria camisa e graves lesões no crânio, provavelmente causadas por agressões com pedras, pedaços de madeira e ferro.

Nos dias que antecedeu a data do aniversário de Alexandre, Angélica Ivo, mãe do garoto, que deveria estar alegre, pensando nos preparativos para uma festa de aniversário, ansiosa para comprar um presente e convidado amigos para uma confraternização, teve que fazer a exumação do corpo do garoto. Não consigo analisar o tamanho do sofrimento que essa mãe sente, ela não perdeu apenas o filho, também perdeu todos os momentos que estavam por vir, como aniversário, natal, ano novo, formatura e tantas outras alegrias que a vida reservaria ao longo dos anos.

Os acusados foram localizados e tiveram prisão preventiva decretada. São eles: Eric Boa Hora Bedruim, Alan Siqueira Freitas e André Luiz Cruz Souza, todos com 23 anos de idade. Os três suspeitos estão sendo acusados de praticar homicídio duplamente qualificado por motivo torpe. Porém, respondem ao processo em liberdade. No dia 7 de dezembro, data da segunda audiência do caso, a família de Alexandre promoverá um ato público em repúdio à soltura dos três acusados do assassinato.

A polícia encontrou vestígios de sangue no carro de Erick Debruim, que teria sido usado no crime. O sangue foi confrontado com o material genético da mãe, mas ainda precisa do DNA do pai, para que seja comprovado que era de Alexandre. O corpo do jovem foi exumado para coleta de material de genético e realização de exame de DNA. A amostra será comparada ao sangue encontrado dentro do carro de um dos suspeitos do crime. De acordo com a polícia, caso o exame dê positivo, os três acusados pelo crime poderão voltar à prisão e condenados.

Casos como o de Alexandre Ivo não são isolados, segundo dados do Grupo Gay da Bahia, 198 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais foram assassinados no Brasil apenas no ano de 2009, seguindo uma tendência anual crescente, e representando uma média de 1 assassinato a cada 2 dias. Sem dúvida, estes dados são subnotificados, uma vez que dependem de informações obtidas através do monitoramento dos meios de comunicação, e não existe o registro oficial (governamental) de estatísticas sobre a violência homofóbica. 
Já o caso do Rio de Janeiro, é diferente. O marginal, que jurou amor e proteção a pátria, estava armado. Não podemos sentir que temos peito de ferro e partir pra cima de todos os nossos ofensores, mas temos que nos defender. Em situações extremas, a primeira atitude do ser humano é proteger a sua integridade física, não podemos ficar passivos em meio a tanta violência. Fico feliz em saber que o sargento-marginal Ivanildo Ulisses Gervásio, de 37 anos, autor do disparo no abdômen do jovem após a Parada Gay do Rio de Janeiro está preso e pode pegar 20 anos de prisão por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Espero que as apurações dos casos do Rio de Janeiro e São Paulo sejam severas e tratadas com rigor, pois gay não é bagunça e paga impostos.
 

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