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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alunos descrevem em detalhes como foi o massacre na escola


Assassino encostava revólver na cabeça das crianças e atirava; dez meninas e um garoto morreram; Wellington Meneses foi descrito como “louco fundamentalista”; presidente Dilma chora e decreta luto de três dias por “brasileirinhos”; covarde, atirador se matou

07 de Abril de 2011 às 09:10
247 – As crianças que estudam na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio, onde o atirador Wellington Meneses de Oliveira matou dez meninas e um garoto na manhã de hoje, descreveram aos jornalistas que cobrem a tragédia como tudo aconteceu. “Ele atirava para baixo, para acertar o pé das crianças. Quem pediu para ele parar acabou ficando com o revólver encostado na cabeça. Daí ele disparava”, contou uma aluna. “Ele entrava nas classes atirando. Saia de uma e entrava em outra. Todo mundo gritava. Uma professora boa fechou a porta da sala e pediu para todo mundo ficar quieto, sem gritar. Assim ele não entraria. Muitos amigos se esconderam em baixo das mesas”.
A ação do atirador foi premeditada, covarde e absolutamente cruel (veja vídeo abaixo, que contém imagens fortes). O assassino Wellington Meneses de Oliveira, 24 anos, planejou toda a ação dentro da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona norte do Rio. Foi registrado numa página de Orkut supostamente pertencente a ele: “É hojeee 7/4/2011”. Munido de dois revólveres, um calibre 38 e outro 32, além de farta munição, que carregou num cinturão, ele matou 11 crianças – dez delas meninas. Estava de preto, com luvas. Foi atingido na perna pelo tiro dado pelo sargento da PM Márcio Alexandre Alves, o primeiro a chegar ao local, ainda com o massacre em andamento. O assassino acabara de sair de uma sala de aula e tentava subir do segundo para o terceiro andar da escola, onde pretendia fazer mais mortes entre as crianças. O ataque começou por volta das 8h10. Mais de vinte crianças deram entrada em estado grave no centro cirúrgico do hospital Albert Schweitzer. "Em 26 anos como policial militar, foi a pior cena que já presenciei", descreveu o coronel Djalma Beltrame em entrevista à Band News. "Ele era um alucinado mental com características de fundamentalista religioso". O assassino deixou uma carta (leia trechos).
A presidente Dilma Rousseff, que iria discursas numa cerimônia para empreendedores, cancelou o pronunciamento, chorou e pediu um minuto de silencio pelos “brasileirinhos”. Mais tarde, decretou luto oficial por três dias. No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral classificou o assassino como “animal” e “psicótico”. Foi decretado luto por sete dias.
Entrevistada pelo jornalista Ricardo Boechat, a irmã de criação de Wellington, Roseleine, informou que ele tinha comportamento "muito estranho, sem amigos". No ano passado, deixou a barba crescer, ao estilo dos fundamentalistas islâmicos. Ele fora demitido da fábrica de alimento que trabalhava em razão da “mudança de comportamento” verificada recentemente. Segundo Roseleine disse à BandNews, Wellington passava dias inteiros navegando pela internet, em páginas em torno da religião muçulmana. Homens do batalhão da PM de Bangu, próximo ao local, isolaram a escola, cercada por pais de alunos em estado de choque. Pais que foram socorrer seus filhos descreveram o local, após os tiros, como "cena de guerra". Dezenas de alunos deixaram as salas de aula e se aglomeraram em frente ao prédio. O hemocentro do Rio pediu doações de sangue, para as crianças feridas. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi ao local. A escola não era vigiada pela polícia. O atirador começou seus disparos desde a calçada da escola. Entrou e continuou com sua ação bárbara. Ele teve chance de recarregar seus revólveres por diversas vezes. A escola estava em aulas, com cerca de 400 alunos. Comemorava-se o 40º aniversário da instituição, que também abriga alunos especiais, com deficiências visuais e auditivas. A PM do Rio apresentou à imprensa os policiais que primeiro chegaram ao local. “Estávamos numa operação perto da escola quando um aluno baleado nos pediu socorro”, disse o sargento da PM. “Encontrei o meliante no segundo andar da escola. Disparei um tiro, que pegou na perna dele. Neste momento, ele se deu um tiro na cabeça e se matou”.

“Ele sabia o que estava fazendo” 

Para o psiquiatra forense Talvane Marins de Moraes, ex-diretor da Polícia Técnica do Rio de Janeiro, a hipótese mais provável é de que o assassino em massa de Realengo fosse esquizofrênico; um delírio místico pode tê-lo motivado a praticar o massacre

07 de Abril de 2011 às 14:52
247 – A tragédia perpetrada em Realengo, no Rio de Janeiro, por Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, lembra ao psiquiatra forense Talvane Marins de Moraes, ex-diretor da Polícia Técnica fluminense, outro crime que chocou o País: o caso do “atirador do shopping”. O criminoso em questão, o ex-estudante de Medicina Mateus da Costa Meira”, matou três pessoas ao abrir fogo com uma submetralhadora contra a plateia que, em 3 de novembro de 1999, assistia a um filme em cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo.
“O 'atirador do shopping', ficou comprovado, é esquizofrênico. Ainda é preciso realizar a a 'autópsia psicológica' do atirador de Realengo – ou seja, buscar informações, e conversar com parentes, amigos e colegas, para tentar levantar identificar as causas e motivações que o levaram a praticar o crime –, mas eu diria, numa primeira análise, que o rapaz que atacou a escola nesta manhã também devia sofrer de esquizofrenia”, afirma Moraes.
Esquizofrênicos vivem em um mundo à parte. Nos casos mais graves, os portadores do distúrbio se sentem permanentemente perseguidos e ameaçados. Há alguns anos, lembra o psiquiatra, um esquizofrênico foi ao consultório de seu médico, no Rio, e o matou a tiros, descarregando todas as balas de um revólver. “Ele disse à Polícia que não teve opção, pois o médico havia implantado um chip em seu cérebro e monitorava seus movimentos. O detalhe é que ele realmente acreditava naquela história”, diz Moraes.
Assim como no caso do chip, o massacre de Realengo foi premeditado. Para o psiquiatra forense, Wellington não estava sob efeito de drogas ou era portador de grave distúrbio mental que comprometesse seu raciocínio. Tanto é que, segundo relatos de testemunhas, teria dito ao segurança da escola que iria dar uma palestra no local e, depois, solicitou seu histórico escolar na unidade a uma funcionária. “Se estivesse drogado ou fora de si, o rapaz já teria começado a matança pelo segurança. Ele executava um plano, sabia o que estava fazendo, e estava munido de uma ira muito forte”, assinala o especialista.
Por que o atirador deu preferência às meninas, matando dez alunas e um garoto? Uma hipótese, segundo Moraes, é de um delírio místico, até porque Wellington teria abraçado o islamismo. Com base em informações sobre atos de violência contra mulheres no mundo muçulmano, ele poderia ter definido o gênero prioritário de seus jovens alvos. “Vítimas de delírios místicos acreditam que falam com Deus, ouvem vozes e convocações 'divinas' e, por vezes, acreditam que são, elas próprias, divindades”, observa Moraes.
O psiquiatra forense não tem a menor dúvida de que o assassino em massa do Realengo foi influenciado, também, por notícias sobre outros massacres, como os de Columbine e Virginia Tech, nos Estados Unidos. Esse fenômeno, aliás, é comprovado cientificamente, como destaca Moares. “Nos anos 1970, um estudo acadêmico constatou uma “febre” de suicídios na Ponte Rio-Niterói após a divulgação do primeiro caso, de um homem que pulou do vão central”, conta ele. “Como o mundo 'diminuiu', com o notável avanço das telecomunicações, esse fator de risco se torna mais preocupante.”

Leia trechos da carta do assassino Wellington 

Atirador cita costumes ligados à religião muçulmana; peça confirma premeditação do crime bárbaro

07 de Abril de 2011 às 15:40
247 – Em sua página no Orkut, Wellington Menezes de Oliveira anunciou o massacre promovido na escola Tasso da Silveira, no Rio, em que 11 crianças morreram em razão de tiros disparados por ele. "É hojeee, 7/4/2011", afirmou. Ele deixou uma carta que acaba de ser divulgada. Com expressões de cunho religioso, que remetem aos costumes muçulmanos, ela acrescenta um forte elemento à tese de que o crime foi premeditado. Abaixo, os primeiros trechos da carta do assassino:
“Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida.”
"Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu pelo por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, por cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi."
MEU DEUS ATE QUANDO VEREMOS AS PESSOAS MATAREM POR NADA ,E MAIS AINDA A
VIDA DAS NOSSAS CRIANÇAS VALEREM MENOS QUE UM GRAU DE AREIA 

Terror no Rio: Bandidos em fuga invadem escola e provocam pânico entre alunos e professores

Professora é atendida em estado de choque - Foto: Reprodução/Christiano Ferreira - G1
Professora é atendida em estado de choque - Foto: Reprodução/Christiano Ferreira - G1
Segundo a polícia, eles fugiam e entraram na unidade para se esconder. Os dois estavam desarmados, foram presos e levados para a 34ª DP
Rio de Janeiro/RJ Dois assaltantes invadiram uma Escola Municipal Astrogildo Pereira, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, após praticar assaltos na rua do colégio. Segundo a polícia, eles estavam fugindo e entraram na unidade para se esconder dos agentes.
Os dois, apesar de desarmados chegaram a fazer uma criança de escudo, de acordo com a polícia. Após negociação com os agentes, eles se entregaram e foram levados para a 34ª DP (Bangu).
Segundo Arnaldo Lobo, pai de uma professora, os criminosos tentaram se esconder da polícia dentro da sala onde sua filha estava com alunos.
Ela me ligou e contou, desesperada, que tinha bandidos na escola. Eu saí, passei na delegacia e avisei à polícia. Quando cheguei lá encontrei uma viatura e a polícia já havia controlado a situação, disse ele.
Para Lobo, o ataque à escola em Realengo,  influenciou no desespero, um dia após o episódio. A situação de ontem influenciou. O bicho está pegando no Rio de Janeiro. Ela está em estado de choque, contou.
Segundo Arnaldo, sua filha foi levada para o Hospital Albert Schweitzer em estado de choque. A unidade é a mesma para onde foram levadas as vítimas do massacre de estudantes em Realengo. (G1 com adaptações)

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