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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vampiros, os príncipes modernos?

Uma das notícias mais lidas no site da revista Newsweek nesta semana fala sobre a paixão das mulheres pelos vampiros. No início, achei um tanto inusitado o tema da reportagem. Será que as mulheres realmente gostam de vampiros?
Segundo a repórter Joan Raymond, sim. Eles são o que há de mais quente no momento – e o ícone máximo é Eric Northman, personagem de Alexander Skarsgård na série True Blood, exibida pela HBO. E, apesar de eu nunca ter visto o seriado, a descrição dos poderes de Eric é bem interessante: misterioso, poderoso, incrivelmente sexy, magnético, pode voar, é muito forte, incrível amante. Parece bom, não?
E tem mais. Como os vampiros praticamente não morrem – a não ser que sejam decapitados ou recebam uma estaca no coração, depende de qual lenda é seguida –, acumulam muito conhecimento sobre si mesmos e as outras pessoas, inclusive sobre como agradar as mulheres. Protetor e persistente, é também fiel, embora demore a ter confiança em alguém.
Eric Northman, sensação vampiresca da série True Blood
Com essas qualidades todas, não é difícil entender por que as mulheres estão tão interessadas, mas o artigo ainda tenta explicar melhor as razões do poder sedutor desses seres das trevas. Estaríamos nós fascinadas pela eterna juventude? Ou pela metáfora do sexo perigoso e proibido?
Uma explicação mais terrena é a seguinte: “Muitas mulheres não se importariam se outra pessoa assumisse o controle das coisas por um tempo”, disse Melissa Lowery, criadora de um site que reúne fãs da série da HBO. “Mesmo que o vampiro seja seu amante gentil e carinhoso, ele ainda tem o poder de tirar a perna de alguém. Às vezes penso que as mulheres apenas querem ser protegidas”.
Mick St. John, personagem principal da série MoonlightSe o que Melissa intuiu é verdade, poderia ser uma boa explicação para eu ter gostado tanto de uma série chamada Moonlight mesmo não sendo uma aficionada por vampiros – nunca li Anne Rice nem Stephanie Meyer, nem mesmo Bram Stoker. Talvez pouca gente tenha visto esse seriado, até porque ele foi cancelado depois da pimeira temporada, mas posso apostar que as mulheres que tiveram a oportunidade vão se lembrar do detetive particular Mick St. John, interpretado pelo ator Alex O’Loughlin. Na história, um inocente Mick casa-se com uma vampira que o torna imortal na noite de núpcias. Chocado com o que considera uma traição, ele entra em crise sobre o próprio casamento. Na tentativa de segurar seu homem – até as poderosas vampiras querem ter um companheiro –, Coraline sequestra uma criança, Beth, para ser filha do casal. A estratégia só gera mais ódio de Mick, que resgata a menina e mata a própria mulher em um incêndio.
Anos depois, o detetive particular que evita a luz do dia reencontra a criança que salvou, já adulta e bela. Nos episódios a que assisti, Mick salva Beth mais algumas vezes e é também salvo por ela: depois de muito tempo sem comer (sangue, obviamente), preso em um hotel no meio do deserto, ele está fraco. Ela oferece-lhe, então, o pulso, na confiança de que ele vai se servir apenas do suficiente para sobreviver sem matá-la nem torná-la uma vampira (para isso, ela teria que beber o sangue dele).
De uma força sobrenatural, praticamente imortal e sábio pela experiência de tantos anos no mundo, o vampiro também é extremamente frágil: sensível à luz do sol e dependente de um alimento difícil de conseguir. Nada mais diferente do que o antigo ideal masculino do príncipe no cavalo branco. Apesar de dividir com ele as habilidades de resgatar a mocinha, o vampiro não é só um herói, mas também um ser que precisa da mocinha para dividir seus segredos, suas fraquezas.
Num mundo em que as mulheres querem ser cuidadas – mas não controladas o tempo todo – é natural que os vampiros tomem o lugar dos príncipes no imaginário feminino. E o final clássico dos contos de fadas poderia finalmente fazer sentido: e eles viveram felizes para sempre.

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