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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Segundo os espíritas, Emmanuel estaria em São Paulo e seria um menino de 10 anos. O Fantástico também foi atrás do código secreto de Chico Xavier guardado por três pessoas.

Chico Xavier, o guia espiritual de milhões de brasileiros, o homem que consolou famílias e transformou vidas, morreu há oito anos e deixou um segredo, um código secreto, uma senha que ele usaria do além, de acordo com a crença espírita, quando voltasse a falar com os vivos.

O Fantástico investigou esse código, falou com as únicas três pessoas que conhecem o segredo. E, durante essa investigação, nossos repórteres descobriram um novo mistério: segundo os espíritas, o guia espiritual de Chico Xavier, conhecido como Emmanuel, teria reencarnado na Terra, mais precisamente, em São Paulo, e seria um menino de 10 anos.

Três pessoas guardam o código secreto de Chico Xavier: o filho adotivo, o médico e a amiga. Eles ainda vivem em Uberaba, a cidade do interior de Minas Gerais que se tornou a capital espírita do país.

“Um dia eu falei com ele, tio Chico e quando o senhor for embora?”, revela a amiga do líder espiritual, Cátia Maria.

“Nós temos uma maneira de saber que é o Chico Xavier”, conta o médico Eurípedes Tahan.

“Ele era um homem prudente, que pensava em tudo”, afirma o filho adotivo de Chico Xavier, Eurípedes Higino.

O espírita mais famoso do Brasil pensou em uma senha, uma forma de garantir a autenticidade de uma possível carta que ele enviaria do além.

“Você vai ficar sabendo quando eu mandar. Então, vai vir estas três palavras”, Chico Xavier teria dito à amiga Cátia. “Cada um tem uma palavra. Cada um tem seu segredo”, diz ela.

“Isso nos dá a maneira da gente certificar se é do Chico Xavier”, confirma o médico.

“Meu segredo? Guardo comigo. É uma palavra que vindo do Chico você não esquece jamais”, conta Cátia.

O médico Eurípedes Tahan afirma que não sabe qual é a palavra que Cátia guarda.

Os guardiões do código receberam a senha oito anos antes de Chico morrer. “Ele dizia que ele ia desencarnar no dia que o brasileiro estivesse muito alegre. Coincidentemente foi no penta, dia 30 de junho de 2002”, diz o filho adotivo dele.

Nem na morte, Chico queria fazer alarde. Preferia manter a mesma discrição que teve enquanto vivo. “A minha vida particular tinha muito pouco interesse diante do trabalho deles junto à nossa vida comunitária, distribuindo paz, esperança, verdade e amor, através dos livros e mensagens que eles têm escrito constantemente desde 1927”, conta Chico em gravação de 1979.

Ao todo, Chico Xavier psicografou, ou seja teria recebido dos espíritos, 412 livros.

“Nosso Lar”, o mais famoso, vendeu quase dois milhões de exemplares. A obra, que teria sido ditada pelo espírito de André Luiz, descreve a vida depois da morte, segundo a doutrina espírita.

“O Chico, por mais que ele não seja o autor de fato, é o carteiro. Ele é o meio por onde ele trouxe isto”, ressalta o diretor do filme, Wagner de Assis.

A história publicada em 1944 se transformou em filme sobre o comando de Wagner de Assis. “Sempre me atraiu muito a força dessa história, como drama, como paradigma humano. Para mim, aquela transformação daquele homem que vence a si mesmo sempre era muito importante”, comenta o cineasta.

O personagem é André Luiz, um médico que só depois da morte teria percebido que não cumpriu sua missão na vida. Por isso, de acordo com o espiritismo, antes de chegar à cidade em que os espíritos aprendem a evoluir, tem de passar um tempo no umbral, uma espécie de purgatório.

A equipe diz que durante as gravações aconteceram coisas do além. “Nós estávamos filmando a entrada do personagem na cidade e eu comentei: ‘essa hora ia ser bonito se umas borboletas revoassem, mas não dá para você fazer isso, se você não planejou, não arrumou as borboletas. E o que aconteceu foi que quando eu vi o resultado da cena na tela, eu vi uma borboleta voando lá e passando literalmente para dentro da cidade junto com eles”, conta Wagner de Assis.

Uma espécie de hospital para curar espíritos recriado no cenário das filmagens acabou se transformando em um local especial para os atores. “O pessoal que estava cansado, pressão alta, dor de cabeça, brigou em casa, ia lá dava uma deitada e, segundo todos, dava uma energizada no hospital”, afirma o diretor do filme.

“Ficou um lugar de conforto, um lugar de ficar melhor. Dizer que tinha entidades que circulavam provavelmente tinha”, relata o ator Fernando Alves Pinto.

Em apenas cinco dias, “Nosso Lar” foi visto por mais de um milhão de espectadores, um recorde de bilheteria. Agora, o filme lidera a votação nacional para a indicação ao Oscar, ao lado de outro filme sobre Chico Xavier, dirigido por Daniel Filho.

O ator Paulo Goulart participa dos dois longas. “O filme do Daniel é muito mais documental, mostrando o que foi a vida dele. O “Nosso Lar” não, mostra o lado transcendental, que é uma grande curiosidade, muito bem realizado também. O que é a vida do outro lado?”, explica.

O ator Nelson Xavier também não acreditava em vida do outro lado, não acreditava nem em Deus até encarnar no cinema o personagem que acendeu sua fé. “Eu sempre fui ateu, mas a experiência com o Chico foi uma coisa tão reveladora”, revela.

A semelhança do ator com Chico Xavier impressionou o público. Para Nelson, a entrega teve uma explicação sobrenatural. “No primeiro dia de filmagem, eu pedi que ele estivesse comigo e eu senti isso. E ele me acompanhou sempre”, conta o ator.

Nelson Xavier diz ainda que se tornou muito menos exigente, muito mais paciente e tolerante. O ator se emociona: “é um prazer poder falar dele para muita gente, porque eu devo isso a ele”, diz.

Já Chico dizia que tudo o que tinha devia aos seus mentores espirituais, especialmente, Emmanuel.

Em 1998, Chico revelou um segredo sobre Emmanuel para um pequeno grupo de espíritas. “Em uma noite, era aproximadamente 01h20, quando ele fez um relato de que Emmanuel aparecera a ele, dizendo que iria reencarnar”, revela o amigo de Chico, Divaldinho Mattos.

Segundo os espíritas, Emmanuel reencarnou em março de2000. Hoje, seria um menino de 10 anos. Mas onde estaria?

“É uma pergunta que intriga muitos estudiosos. A verdade é que ele está reencarnado no estado de São Paulo e vai agir na educação. Quem sabia onde estava reencarnado Emmanuel, somente Francisco Cândido Xavier”, diz Divaldinho.

Enquanto pode, Chico trabalhou. Não negava esforços para atender a todos e filas intermináveis se formavam na frente da casa do médium. Pessoas que acreditavam que seria possível se comunicar com entes queridos que tinham morrido.

“Eu procurei o Chico em uma fase muito difícil da minha vida, quando eu perdi o meu filho Leonardo”, conta a cantora Wanderléa. Leonardo tinha apenas dois anos quando morreu afogado na piscina de casa.

“Eu e o Lalo estávamos muito desesperados e nós recebemos uma mensagem do Chico. A mensagem foi linda, dizendo coisas assim, no sentido de ter esperança”, afirma ela.

A cantora Wanderléa foi apenas uma de muitas mulheres que se consolaram com mensagens de Chico. A dor e a busca por esperança são tema de "As mães de Chico Xavier". O próximo filme sobre o líder espírita só estreia ano que vem, mas o Fantástico revela cenas em primeira mão. No longa, a vida de três mulheres é transformada após o encontro com Chico.

Na vida real, as cartas psicografadas por ele mudaram o desfecho de três julgamentos. João Francisco de Deus, acusado de matar a esposa, hoje é um homem livre, graças a uma dessas cartas.

“Eu tenho que dizer para todo mundo que existe vida depois da morte”, afirma João.

João era casado com Cleide, uma bancária que em 1975 foi eleita miss Campo Grande. Um dia, depois de uma festa, os dois estavam no quarto quando a arma de João disparou. Desesperado para provar que teria sido um acidente, ele buscou a ajuda de Chico Xavier.

O júri popular considerou a mensagem que teria sido enviada a Chico Xavier por Cleide e absolveu João por unanimidade. “Eu nunca tive a intenção de que mensagens recebidas por mim pudessem atuar em qualquer setor judiciário”, contou Chico em entrevista de arquivo.

A família da vítima não aceitou a sentença e entrou com recurso, mas, no segundo julgamento, a carta, que teria sido psicografada, também foi levada em conta e o tiro foi considerado acidental.

Por isso, João acabou condenado apenas por homicídio culposo, sem a intenção de matar. Ele não chegou a cumprir pena porque, quando todo processo terminou, o crime já havia prescrito. João se casou novamente e deu o nome da primeira mulher para a filha do segundo casamento.

“Procuro me vigiar, me policiar. Eu quero me tornar uma pessoa generosa, porque eu não posso negar isso. Faz parte da minha vida agora”, ressalta João de Deus.

O homem que transformou vidas deixou cerca de dois milhões de seguidores e um número ainda maior de simpatizantes. Deixou também um último segredo.

“Quando você me passa um segredo, vai morrer comigo. Então, o segredo que ele falou a gente jamais vai passar para a frente”, declara Cátia Maria.

“Eu não vejo a necessidade de passar para ninguém”, diz o médico Eurípedes Tahan.

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