Mas, o notável é que cada vez mais esta presença não esta presente em dia marcado. Quando a “íntima” é feminina, quase nem se vê trânsito em vias de acesso próximo as unidades, quiçá visitantes.
O que esta tão longe e distante de ser real no caso oposto, ou seja, se uma unidade possui uma média de setecentas mulheres, a média de maridos devidamente “documentados” chega a trinta/ trinta e cinco, mais o que geralmente acontece é que o quorum de presentes se resume a três ou quatro visitas masculinas.
O direito à visita íntima nas cadeias masculinas, foi instituído em 1987, passando a vigorar logo em seguida. Já nas penitenciárias femininas, isso “só foi possível” ou quem sabe “admissível” em 2001.
Com o agravante da intervenção e insistência de grupos de defesa femininos, entre outros, da Comissão da Mulher Advogada da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da mulher encarcerada, durante anos...
Logo de antemão, uma das mais usadas justificativas para a demora, se concentrava no temor de que as visitas alimentassem a epidemia de Aids, argumento difícil de entender, já que há mais chance de o homem contagiar a mulher do que o oposto.
Se o risco seria muito maior nos presídios masculinos, não assistiam razões para impedimentos nos presídios femininos. Buscando as razões reais, o número bem inferior de reeducandas seria o primeiro fator a chamar a atenção, já que as mulheres totalizam aproximadamente cerca de 5% (cinco por cento) do sistema penitenciário, uma minoria com capacidade de pressão bem menor que a deles.
Outro fator que tornava a indiferença ímpia, em face da vida íntima e afetiva do feminil, estaria ligado às raras possibilidades de rebeliões. E na ocorrência destas, menos sangrentas, o que com a falta da visita íntima não provocaram nem provocaria, já que para as mulheres o motivo de um motim, nem sempre é o desejo de fuga, mas algo mais prosaico, mais sim com a falta de água ou de sardinhas em lata.
A reação provocada é mais intensa profunda e interna para a Mulher, sendo então para o sistema, praticamente irrisória.
O fato é que a íntima no presídio feminino não “pegou” como deveria, por ser um direito e para algumas, necessidade. Mas...
Maridos não são solidários como as mulheres detidas, os homens quando não são parceiros de crime e acabam presos ou mortos, abandonam facilmente a mulher e só.
. Se ficarmos na porta de uma penitenciária feminina em dia de visita, poderemos perceber que as poucas pessoas visitantes são mães de reeducandas, irmãs, filhos, enfim.
É natural de a mulher zelar, fazendo tudo para manter a instituição familiar. Como ficam com os filhos quando os maridos são presos, é muito importante manter o vínculo com o pai deles. Um dos principais propósitos da visita normal e/ou íntima, ainda é justamente esse, manter a família.
Os homens, por sua vez, em geral não ficam com as crianças e não faz em tanto esforço para conservar o relacionamento com a mãe delas, além do mais, não gostam de serem colocados em exposição, ou se submeter à revista necessária, aos exames.
É natural, se ter ciência de que muitos arrumam outras mulheres, enquanto a “oficial” está presa. Não é só o sexo, é o patriarcado alimentado e inesquecível, onde cozinhar, lavar, cuidar da casa é facilmente substituído.
Existe também, a sensação destes, que pensam estarem solidamente mais seguros de que a relação pode ser mantida, mesmo sem a visita, porque sabem que, quando as mulheres saírem da cadeia, costumam procurá-los.
*Nota:- Por Elizabeth Misciasci - O texto pode ser copiado, reproduzido, acrescentado em teses, artigos e tccs desde que não seja alterado o teor e mencionada a autora e fonte.
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