frio.
O corpo não é mente que mente pra si. O coração não é pedra, mas machuca. A estrada não é longa, mas distante. Se vejo o aqui e o agora, sei não. Você está na esquina vendo o lá, sem chão. Penso, paro, vejo e sinto: quando não está aí pra mim. Daí, partindo desse aí, é que nasce o medo, amargo e brutal.
O AMOR
O amor teima nuances
desafia regras
brinca com a lua
desliza na teia
O amor tem um anjo guardião
cego de um olho
que sussurra quente
em minha nuca
se contorce
fala uma língua desconhecida
lambe
O amor teima nuances
desafia regras
brinca com a lua
desliza na teia
O amor tem um anjo guardião
cego de um olho
que sussurra quente
em minha nuca
se contorce
fala uma língua desconhecida
lambe
- me lambe
e sempre volta...
e sempre volta...
Amor de banheira
Fiquei pensando que o amor sempre chega numa fase em que estaciona. Sim, pode ser a tal fase morna, aquela em que não faísca mais, mas também, ao contrário do desconforto do frio, é aquela mansidão de banheira em que a gente quer se deixar ficar. Aquele amálgama de tanta coisa que já foi vivida, sofrida, desentendida, acordada ou, simplesmente, deixada em algum canto onde não vá atrapalhar a passagem. Porque em se tratando de amor, aparar todas as arestas, por mais artista da convivência que se seja, é simplesmente inviável. No máximo, consegue-se podar umas e outras, às vezes nossas, outras, do outro. E os cantos vão ficando repletos de coisas de que abdicamos, desconsideramos, relevamos, fazemos vistas grossas. Vez ou outra, tropicamos numa delas e acaba machucando, incomodando, mas seguimos. Seguimos pro nosso quentinho, morninho, o amor de banheira, cuja profundidade não oferece mais nenhum perigo.
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