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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mudança...

frio.

O corpo não é mente que mente pra si. O coração não é pedra, mas machuca. A estrada não é longa, mas distante. Se vejo o aqui e o agora, sei não. Você está na esquina vendo o lá, sem chão. Penso, paro, vejo e sinto: quando não está aí pra mim. Daí, partindo desse aí, é que nasce o medo, amargo e brutal.


O AMOR VALE A PENA



O AMOR




O amor teima nuances
desafia regras
brinca com a lua
desliza na teia



O amor tem um anjo guardião
cego de um olho
que sussurra quente
em minha nuca
se contorce
fala uma língua desconhecida
lambe
- me lambe
e sempre volta...
 
 
 

Amor de banheira

Fiquei pensando que o amor sempre chega numa fase em que estaciona. Sim, pode ser a tal fase morna, aquela em que não faísca mais, mas também, ao contrário do desconforto do frio, é aquela mansidão de banheira em que a gente quer se deixar ficar. Aquele amálgama de tanta coisa que já foi vivida, sofrida, desentendida, acordada ou, simplesmente, deixada em algum canto onde não vá atrapalhar a passagem. Porque em se tratando de amor, aparar todas as arestas, por mais artista da convivência que se seja, é simplesmente inviável. No máximo, consegue-se podar umas e outras, às vezes nossas, outras, do outro. E os cantos vão ficando repletos de coisas de que abdicamos, desconsideramos, relevamos, fazemos vistas grossas. Vez ou outra, tropicamos numa delas e acaba machucando, incomodando, mas seguimos. Seguimos pro nosso quentinho, morninho, o amor de banheira, cuja profundidade não oferece mais nenhum perigo.
 
 

"amor"

Era estranho a intensidade da sua crença no amor. Ela acreditava no AMOR como se acredita em algo divino, como se fosse uma entidade intocável, embora sonhasse um dia encontrá-lo. Esse tal de "amor" que já tanto a fez sofrer, escorrer lágrimas e criar ilusões. Esse ingrato que fez seu peito doer, seu coração ficar miúdo. Estranho era vê-la escrever "love" e desenhar corações por toda parte, mesmo sem nunca ter sido feliz ao amar alguém. Quer dizer, feliz ela era por amar, mas ao mesmo tempo se sentia miseravel por não ser amada de volta. E pra que tanto falar de amor? Esse misto de alegria e dor, essa doença que se espalha e toma conta da gente? É que quando ela amava, tudo ganhava vida, ficava colorido e ela conseguia sonhar com um possível futuro. É sim, isso acontecia de verdade, não era "coisa de cinema". Mas, espera aí, acho que perdi o foco. Tudo que eu queria dizer é que amor não é tudo e um dia ela vai descobrir exatamente o que é e o que combina com amor. Ela vai entender que amor existe sim, mas precisa saber administrá-lo. E ela vai se dar conta de que quem ama, demonstra esse amor naturalmente, sem precisar necessariamente dizer aquela tão famosa frase de três palavras. Até porque, no final, palavras são apenas palavras e "amor" é uma palavra.

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