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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Prisões "inflam" cidades no interior de São Paulo

A política de transferência de presos para outras cidades após a desativação do Carandiru, em 2002, já interfere na qualidade de vida dos moradores de pequenos municípios do interior paulista.
Dados do Censo 2010 mostram que quatro das dez cidades de São Paulo com maior crescimento populacional na última década receberam presídios: Balbinos, Iaras, Pracinha e Lavínia.
Balbinos é a cidade com a maior taxa de crescimento da população no país: 199,47%.
Com mais gente na presídio do que fora, a cidade tem dificuldade em atrair investimentos e lidar com a alta de gastos em saúde e educação. Balbinos saltou de 1.313 pessoas em 2000 para 3.932 neste ano -70% são presos.
"Poderia ser um desenvolvimento industrial para o interior, e não um desenvolvimento prisional. Estaria contente se fosse uma montadora ou uma universidade. Mas não estou contente porque tenho 2.500 bandidos dentro da cidade", disse o prefeito José Márcio Rigotto (PMDB). Os presídios inflam ainda as estatísticas de gênero.
Nove das dez cidades com maior presença masculina no país ficam em São Paulo e contam com penitenciária, como Álvaro de Carvalho, Guareí, Marabá Paulista, Reginópolis e Serra Azul.
Todas têm mais de 60% de homens na população. Na prática, o "excesso" no contingente masculino é a população carcerária.
As queixas nestas cidades -tradicionalmente voltadas para o cultivo de cana-de-açúcar ou laranja- incluem alta nos preços de imóveis e aluguéis e maior demanda por creches e serviços de saúde com a chegada das famílias dos presos.
Em Lavínia, voltada para o cultivo da cana, o prefeito Rodolfo Mansan (PSDB) diz que a penitenciária incentivou um "comércio de fim de semana" com alimentação, pousadas e serviço de táxi para as mulheres dos presos.
O prefeito de Reginópolis, Marcos Bastos (PSDB), queixa-se da alta no consumo de drogas entre os jovens.
Em Serra Azul, Edson Zanirato, funcionário da prefeitura, diz que a cidade recebeu uma palestra do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania), do Ministério da Justiça, para implementar no futuro o programa Território de Paz.
"A criminalidade aumentou demais. Aqui era uma cidade pacata, a gente dormia de porta aberta. Agora tem muita molecada envolvida com droga", disse.
Para Marcos Monte, presidente da Associação Paulista de Municípios, o governo terá de criar um mecanismo de compensação para as prefeituras nas áreas de educação e saúde.
"Dizem que presídio gera emprego, mas os funcionários são aprovados em concurso e podem vir de qualquer outro lugar", disse.

Um comentário:

  1. Olá, parabéns pelo blog! Tenho grande interesse em conhecer melhor a questão prisional. Por gentileza, qual a fonte desta matéria?
    Obrigado, James
    Quando puder, visite o meu: www.territorioativo.blogspot.com

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