Respeito e Inportância
Existe uma Lenda Yorubá (a lenda de Iwà) e que é relatada na literatura de Ifá, onde se observa a grande importância de que o bom caráter seja simbolizado por uma mulher. No Folclore Yorubá, as mulheres representam os dois extremos - amor, cuidado, devoção e beleza, versus fraqueza, deslealdade e falsidade. Só as mulheres podem simbolizar essa dualidade, de acordo com o Conceito Yorubá. A lenda mostra ainda que o homem deve cuidar de seu caráter tão bem como cuida de sua esposa. Da mesma forma que manter a esposa é obrigação do marido, o bom caráter deve ser uma obrigação para os que têm fé e querem viver de forma correta.
As mulheres são consideradas bruxas e podem até ser mentirosas, mas os Yorubá crêem que a sociedade não pode sobreviver sem elas. Da mesma forma, pode ser difícil ter bom caráter, mas não se pode ser feliz sem ele.
Beleza do corpo
Antigamente as Mulheres Yorubá gostavam de embelezar o corpo com tintas e cortes. Para fazer desenhos no rosto e partes visíveis do corpo era usada a seiva de uma árvore chamada bùje. O nome dessa pintura é ínábùje, e demora muito a sair da pele. Outros produtos vegetais bastante usados eram o òsùn (tinta vermelha extraída de uma planta) e o lààlì (planta que também dá coloração vermelha, tipo henna). O òsùn era usado nas festas de casamento, nascimento e posse do rei. Nessas ocasiões encontravam-se mulheres pintadas com òsùn dos pés à cabeça, pois achavam que isso as tornava mais bonitas. Ao dar à luz as mulheres costumavam embelezar seu corpo e o da criança com òsùn. Uma esposa nova na casa também costumava pintar os pés com òsùn à noite, ao deitar, para ficar bonita. Muitas mulheres faziam cortes no rosto, testa, barriga, costas e até nas nádegas. No rosto usavam uma agulha, e no corpo uma lâmina, colocando no corte um líquido chamado oye dúdú, que fazia com que as cicatrizes ficassem pretas. Atualmente esse costume está praticamente extinto. Os católicos e os muçulmanos, por exemplo, não o adotam. Outra forma muito comum de embelezar o corpo era furar as orelhas, nariz ou lábios. Logo ao nascer um bebê do sexo feminino, a mãe furava as orelhas para colocar brincos que, em certas regiões, eram pedaços de coral, sendo preciso furos bem grandes. Nos lábios e nariz eram usados anéis ou um pedaço grosso de coral. Trata-se de uma herança Yorubá, o costume de pintar os Iyawo com produtos naturais (waji, òsùn, etc.) para a festa da saída do seu Orixá.
Penteados
Outro costume das Mulheres Yorubá eram os penteados bem elaborados. As mulheres costumavam fazer diversos tipos de penteado. Cada estilo tinha um nome, como sukú, alagogo, korobá, etc.
Há três tipos básicos mais usados:
-Irun biba - o mais simples, deixa os cabelos soltos;
-Irun kíkó - cabelos presos, o penteado é executado com linha preta, para a mulher que não tem muitos cabelos. É feito com a ajuda de outra pessoa;
Irun dídì - penteado preso, mais elaborado. Os cabelos podem ser penteados para cima e presos no alto, juntos. Outra forma de dídí é o pàtewo (bater palmas). O cabelo é dividido de orelha a orelha e penteado de baixo para cima dos dois lados, até se encontrarem. Quando pronto parece estar batendo palmas.
Antigamente esses penteados eram muito usados, e até ensinados nas escolas. Depois as jovens passaram a alisar os cabelos, pela influência dos colonizadores de raça branca. O hábito de raspar a cabeça do Iyawo parece não ter nenhuma relação com este costume, pois é adotado para ambos os sexos, e simboliza o nascimento para uma nova vida, semelhante a um recém-nascido
Vestuário
Antes da colonização os Yorubá só usavam roupas típicas, hábito que permanece até hoje, porém com modificações de influência ocidental. Para sair, as mulheres Yorubá usam:
-Aso ìró - é uma roupa enrolada em torno da cintura até os pés, como uma canga. Atualmente esse modelo é feito em tecidos europeus.
-Sìmí - é uma roupa para ser usada sob o bùbá. Principalmente quando o bùbá é de renda ou lese, devido à transparência. Sobre o ombro esquerdo usa-se o iborùn (tipo pano da costa das baianas), que pode ser de tecido inglês ou de aso oke.
Quando as mulheres se vestem com esses trajes típicos, é indispensável usar um turbante (gélé) muito bem trabalhado. Para completar colocam braceletes, anéis e cordões, pintam o rosto com atike e colocam tiro nas pálpebras. No vestuário ritual das cerimonias de Ketu, predomina a influência européia, com muitas saias rodadas, lamês, brocados, sendo deixada de lado a autenticidade dos trajes regionais, bem mais simples, porém muito mais bonitos.
Criança Chorona X Mãe Infiél
Com poucos dias de nascida a criança é amarrada às costas da mãe. Este processo faz com que ela se sinta segura, fique perto do alimento, e ao mesmo tempo seja embalada, enquanto a mãe trabalha. É raro haver um bebê chorão, pois a crença diz que quando o bebê chora é porque a mãe é infiel, e por isso as mães fazem tudo para evitar que seus filhos chorem.
A Mulher Diante da Poligamia
Nas antigas tribos era adotada a poligamia, desde que o homem pudesse sustentar as mulheres que possuía. Modernamente este sistema gera confusão, e cria mais um problema para o chefe da família. No campo, a mãe cuidava da lavoura e dos filhos. Hoje a mulher tem que competir com o homem no mercado de trabalho, pois na maioria das vezes ele não tem condições de arcar sozinho com as despesas de toda a família.
Abikú – Um Sofrimento para as Mães Yorubás
Era chamada de Abikú uma criança que se acreditava nascer e morrer várias vezes. Por exemplo, quando uma mulher dava à luz um filho e este morria, e ela continuava a ter filhos que morriam cedo ou que nasciam mortas, os Yorubá acreditavam tratar-se da mesma criança que morria e voltava. Daí o nome de Abikú: bi - nascer, e ku - morrer. Diz a tradição que os Abikú eram crianças que gostavam de escuridão, de andar sozinhas pelas encruzilhadas ou pela beira dos rios ao por do sol. Por isso as mulheres grávidas não deviam sair à noite, nem passar em encruzilhadas, porque se encontrassem uma dessas crianças, ela poderia substituir a criança que estava dentro da barriga, só para fazer a mãe sofrer. Dizia-se que eram crianças que prometiam voltar para o céu num determinado prazo, e então morriam. Não tinham pena nem medo de ninguém, e só faziam maldades. Eles sabiam quando alguém usava um amuleto para evitá-los.
A Escolha da Noiva
Com o passar do tempo, surgiu outro modo mais moderno de procurar uma noiva. Quando um rapaz adulto tinha condições para se casar, os pais começavam a procurar-lhe uma esposa, sem ele saber. Ele, por sua vez, também começava a procurar uma noiva, e seu comportamento mudava. Tomava banho várias vezes ao dia, e passava a cuidar dos dentes, cabelos e unhas. Quando finalmente se apaixonava, contratava uma alárinà (investigadora), uma mulher cuja função era descobrir tudo sobre a moça e sua família, porque para casar precisava ter certeza de que era com a pessoa certa. Se a moça tivesse mau comportamento, ou em sua família houvesse dívidas, mendigos, leprosos, ladrões ou qualquer fato desabonador, o rapaz desistia do casamento. Se ao contrário, tudo fosse positivo, começava o trabalho de conquista.
O Cuidado com a Mulher Falecida
Entre os Yorubá era normal o cadáver ser tratado cuidadosamente. A mulher era enterrada com os objetos de que necessitaria de imediato: colares, brincos, roupas, comidas e utensílios; um caçador era enterrado com suas armas; uma pessoa da família real era acompanhado por um séquito de empregados e escravos, que eram executados na ocasião do enterro. Pode-se deduzir desta prática que era esperado que os mortos tivessem no outro mundo as mesmas vantagens sociais e econômicas que tinham na terra. Isto sugere também que a vida lá continuava de forma muito semelhante à vida neste mundo.
Fonte: Cultura Iorubá - Costumes e Tradições - Maria Inez Couto de Almeida (Ifatosin)
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